O presidente da Rússia, Vladimir Putin, advertiu neste domingo que Moscou atacará novos alvos se o Ocidente fornecer mísseis de longo alcance à Ucrânia, dizendo que as atuais entregas de armas têm por objetivo “prolongar o conflito”.
“Tiraremos as conclusões apropriadas e utilizaremos as nossas armas (…) para atacar locais que até agora não visávamos”, afirmou o líder russo, citado por agências noticiosas do país, sem especificar, porém, quais os alvos que poderiam estar em causa.
Esta mensagem surge no dia em que voltaram a verificar-se ataques em Kiev, com o presidente da câmara da capital ucraniana a afirmar que várias explosões abalaram a cidade esta manhã. “Várias explosões nos bairros de Darnytsky e Dniprovsky da cidade. Os bombeiros estão a extinguir as chamas”, escreveu Vitali Klitschko numa mensagem difundida na plataforma Telegram.
Guerra na Ucrânia já superou 100 dias, sem qualquer perspectiva de solução
Já o Estado-maior das forças armadas ucranianas salientou através da rede social Facebook que “o agressor continua a lançar mísseis e a realizar ataques aéreos contra as infraestruturas militares e civis do país, sobretudo em Kiev”.
Há vários alertas de ataques aéreos em muitas outras cidades ucranianas, de acordo com as autoridades ucranianas, enquanto em Severodonetsk, no leste do país, prosseguem os “combates de rua”.
A cidade permanece no centro da ofensiva russa na bacia mineira do Donbass, no leste da Ucrânia, zona sob controle parcial dos separatistas pró-russos desde 2014 e que Moscou espera conquistar na totalidade.
Quando começou
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de quatro mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior. A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções econômicas e políticas a Moscou.
Papa Francisco
O papa Francisco pediu neste domingo “verdadeiras negociações” para um cessar-fogo “e uma solução sustentável” na Ucrânia, em guerra há mais de 100 dias. “Quando se cumprem 100 dias do início da agressão armada na Ucrânia, de novo caiu sobre a Humanidade o pesadelo da guerra, que é a negação do sonho de Deus”, disse Francisco a milhares de pessoas reunidas na praça de São Pedro, no Vaticano, no final da oração habitual de domingo.
“Renovo o meu apelo aos responsáveis das nações: não levem a Humanidade à ruína, por favor”, acrescentou o papa, que repetiu uma segunda vez esta última frase e foi aplaudido por quem estava na praça.
Francisco pediu a seguir “verdadeiras negociações, concretas, para um cessar-fogo e uma solução sustentável” e que “seja ouvido o grito desesperado de quem sofre”, que haja “respeito pela vida humana e que se acabe com a macabra destruição de cidades e aldeias”. “Continuemos a reza, comprometamo-nos com a paz incansavelmente”, afirmou.
Francisco reiterou no sábado a sua disponibilidade para ir à Ucrânia, mas questionado por um menino ucraniano durante um encontro com um grupo de jovens no Vaticano, disse que está à espera do “momento certo”. “Gostava de ir à Ucrânia, mas tenho de esperar pelo momento certo”, respondeu a um menino refugiado, segundo a imprensa local.
Francisco salientou que, neste momento, a situação não é segura e anunciou que esta semana vai reunir-se com representantes do governo ucraniano, com quem, entre outras coisas, discutirá a possibilidade de uma viagem ao país em guerra, adiantaram as mesmas fontes.
Tanto o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, como o presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko, convidaram o papa a visitar o país, uma viagem que Francisco já disse, em várias ocasiões, estar disposto a fazer como forma de ajudar a acabar com a guerra.
Desde que a guerra começou, em 24 de fevereiro, Francisco fez vários apelos ao fim do conflito, mostrou disponibilidade para “fazer tudo o possível” para ajudar a resolver a guerra e enviou vários cardeais para mostrar a sua proximidade com o povo ucraniano.
A Rússia lançou em fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas das suas casas, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
(Agência Lusa News)