Um protesto pelo assassinato do presidente do Sindicato dos Rodoviários, Nilton Aparecido de Maria, paralisou mais da metade das linhas do transporte coletivo de Campinas na manhã desta quinta-feira (27) e também de outras cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC), como Hortolândia, Indaiatuba, Valinhos e Paulínia, e ligações intermunicipais. Por volta das 7h30, motoristas usaram os coletivos para bloquear um trecho da Avenida João Jorge, no Centro. Com apoio da Polícia Militar (PM), agentes da mobilidade urbana conseguiram desbloquear a avenida.
De acordo com a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec)c, das 200 linhas de Campinas, 110 sofreram algum tipo de paralisação no início da manhã. Ônibus extras foram colocados em circulação, mas insuficientes para atender a demanda.
Por volta das 10h30, pelo menos um terço da frota de Campinas já estava de volta às ruas.
O Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano e Urbano de Passageiros da Região Metropolitana de Campinas (SetCamp) informou que aproximadamente 76 mil usuários em Campinas foram afetados pelo protesto no início da manhã. E acrescentou que das seis garagens que abrigam a frota campineira, três amanhenceram totalmente fechadas.
O SetCamp estimou que por volta das 10h30 desta quinta-feira havia nas ruas da cidade 31% dos ônibus. De acordo com a entidade, os motoristas estão voltando gradativamente.
A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) confirmou que ficaram paralisadas no início da manhã linhas como 687, 687EX1, 677, 675, 674, 686, 680, 688, 676, 679, 685, 683, 680VP1, 678, 727 e 724, da Região Metropolitana de Campinas, que atendem Campinas, Valinhos e Vinhedo. A ligação entre os municípios da RMC também ficou comprometida. A EMTU informou que 16 linhas intermunicipais paralisaram.
A Emdec decidiu ir à Justiça em Campinas para garantir a volta imediata dos motoristas e não prejudicar ainda mais a população. A informação foi confirmada pelo presidente da Emdec, Vinicius Riverete.
Em Paulínia, o sindicato passou na garagem e convocou todos os motoristas para irem ao velório às 10h. A expectativa da Prefeitura da cidade é que o serviço não será normalizado antes do enterro, às 13h. O corpo do sindicalista será sepultado no Cemitério dos Amarais. O Hora Campinas apurou que a Polícia Civil já está de posse de imagens de câmeras de segurança para ajudar na investigação. A hipótese de crime por disputa sindical está no horizonte dos investigadores.
Balanço e liminar
A Emdec protocolou, junto ao Tribunal Regional do Trabalho, pedido de liminar para garantir a adequada operação do sistema de transporte público coletivo. Em nota, a Emdec ressaltou que “entende que o crime contra o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Campinas e Região, Nilton Aparecido de Maria, foi brutal e necessita de esclarecimentos e punição, dentro da lei”. Mas ponderou que “a ocorrência não pode penalizar os usuários do transporte, que necessitam dos ônibus para a locomoção, principalmente para trabalho e questões de saúde”.
Segundo a Emdec, no final da manhã desta quinta-feira, por volta das 10h50, 90% das linhas (são em torno de 200 linhas no total) estavam em operação. Mas com cerca de 35% da frota operacional (são em torno de 760 veículos no total).
Os terminais urbanos Central, Campo Grande, Mercado I e III, Itajaí, Shopping Dom Pedro e Shopping Iguatemi estão abertos.
Os terminais Barão Geraldo, Ouro Verde, Padre Anchieta, Vida Nova e Vila União estão fechados, com operação mista, fora do terminal. A medida é utilizada para não prejudicar o usuário, uma vez que para entrar no terminal ele paga a passagem ao passar pela catraca e pode não ter o ônibus que ele precisa naquele momento. Por isso a operação é feita fora do terminal e o usuário paga a passagem dentro do ônibus, avisa a Emdec.
A expectativa é de que a operação comece a ser normalizada a partir das 13h30.
O crime
Nilton Aparecido de Maria, presidente do Sindicato dos Rodoviários de Campinas, foi executado na manhã desta quarta-feira (26) com um tiro na nuca, quando saía de casa com a esposa. Segundo informações preliminares extraoficiais, ele já teria recebido ameaças desde que foi eleito presidente do sindicato, em agosto de 2021. O crime aconteceu por volta das 7h, em frente à casa da vítima, no Núcleo Residencial Gênesis.
No momento em que ele saía com a esposa, um homem saiu de um carro vermelho e anunciou um assalto. Ele ordenou que a mulher deixasse o carro e voltasse para dentro da residência. Na sequência, Niltão, como era conhecido o presidente do Sindicato, foi executado com um tiro na nuca. Nenhum pertence teria sido levado.
Ainda não há informações sobre a motivação do crime, mas um parente teria dito que ele vinha recebendo ameaças desde que foi eleito presidente do sindicato, em agosto do ano passado.
Presidente do Sindicato dos Rodoviários de Campinas é assassinado