Campinas recebe em agosto a Semana de Arte TRANSviada, realizada por um coletivo de artistas do interior do Estado. O evento acontece entre 7 e 14 de agosto, na Casa de Vidro e na unidade do Sesc no município. Todas as atividades são gratuitas e as informações sobre retirada de ingressos estão disponíveis no site .
Durante o evento, a diversidade será amplamente abordada, discutida e repaginada por meio de apresentações artísticas de diferentes linguagens. Compõem a programação artistas independentes transvestigêneres ou que versam sobre a transgeneridade em suas obras. Entre os nomes estão Paul Parra, Helena Agalenéa, Ateliê Transmoras, Irmãs de Pau, Rainha Kong, Laboratório Cisco e All Ice, entre outros.
O movimento dialoga e questiona o espaço geográfico: na histórica Semana de Arte Moderna, que aconteceu em 1922, os artistas se reuniram no Teatro Municipal da cidade mais populosa do Brasil (São Paulo) como uma forma de validar e visibilizar a arte que estava sendo proposta. Aqui, o movimento caminha por estratégias diferentes: em vez de competir pelo espaço restrito da capital, a Semana de Arte TRANSviada visa difundir a arte para além, escolhendo locais distintos do Estado para acontecer.
“Este será um momento oportuno para (re)pensar sobre as dinâmicas sociais a respeito das vivências que escapam do padrão, para questionarmos aquilo que é visto como ‘normal’, e ‘natural’”, relata o multiartista Paul Parra, um dos idealizadores do evento.
Segundo ele, esta será uma oportunidade de refletir sobre a biodiversidade, na forma com a qual o ser humano lida com as diversas formas de vida que habitam o planeta. Com isso, o evento pretende conscientizar e alertar sobre a urgência de revisar pensamentos e comportamentos, individual e coletivamente, para a sobrevivência humana.
A Semana de Arte TRANSviada traz consigo formas provocativas e sensíveis de entremear as questões sociais, culturais, ambientais e políticas. “Buscam-se os entre-lugares artísticos que potencializam os corpos e sujeites transgênero como produtores de cultura popular dissidente, a partir dos próprios processos subjetivos”, explica Paul. “Dessa forma, a arte dissidente e TRANSviada adquire valor de resistência, subversão e transgressão, frente à sociedade brasileira e a onda conservadora na qual o país se encontra atualmente”.
O projeto Semana de Arte TRANSviada foi contemplado pelo Edital ProAC nº 35/2021 ‘Projetos Culturais/ 100 Anos da Semana de Arte Moderna de 1922/ 200 anos da Independência do Brasil’ e é uma realização do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Bons Ventos Produtora e Núcleo Ponte. Ele tem apoio do Sesc Campinas e Sesc Sorocaba, Fundec (Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba), Maloca Centro Cultural, Secretaria de Cultura da Prefeitura de Sorocaba, Casa de Vidro, Museu da Cidade, Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura de Campinas, Tenda Vogue e Centro de Referência LGBT de Campinas.
Curadoria afetiva
A realização da Semana de Arte TRANSviada é um sonho de Paul Parra que se tornou realidade. Ele conta que a programação foi definida baseando-se principalmente em artistas que já estavam nesta aproximação cultural e afetiva dentro do cenário das artes de Campinas e Sorocaba. “Selecionamos pessoas localizadas no interior, justamente para valorizar artistas dessas cidades ou que já contribuíram com a cultura local de alguma forma”.
Para ele, trazer o maior número de linguagens artísticas possíveis para este evento mostra também o quanto a arte e as identidades podem ser múltiplas. “Queremos abordar tudo isso de forma mais extensa. Teremos desde DJs, até apresentações de teatro e dança, por exemplo”.
Abertura na Casa de Vidro
A estreia da Semana de Arte TRANSviada acontece no dia 7 de agosto, domingo, na Casa de Vidro | Museu da Cidade, próximo ao Parque Taquaral. No dia haverá exposição de artes visuais composta por oito artistas – a maioria trans – e mais de 20 obras.
No fim da tarde, a partir das 17h, a organização fará a cerimônia de abertura da Semana com desfile realizado pelo Ateliê Transmoras, Évora e Vista Vasques. O dia se encerra com apresentação da performance “Ultrapassar o Vazio entre Lugares que Imaginamos Para nós”, de Lino Calixto e Harpya Satanara, e shows musicais de Angelíque Farnocchia, All Ice e Diameyka Odara.
Ocupar espaços
Os dias que se seguem trazem uma programação diversificada que será marcada pela transgeneridade o tempo todo. “Os espaços de realização do evento (Casa de Vidro e Sesc Campinas) foram escolhidos visando alcançar novos lugares para a arte transviada expandir ”, explica Paul.
“Nossa expectativa é de ter casa cheia todos os dias, mas o principal é conseguir atrair pessoas para além do público que a gente já tem. Quero ver olhares curiosos participando e se engajando na programação. Visibilidade e valorização são alguns dos nossos maiores desejos”.
Serviço
Semana de Arte TRANSviada: Campinas
Data: 7 a 14 de agosto
Locais: Casa de Vidro e Sesc Campinas
Programação gratuita
Retirada de ingressos: www.semanatransviada.com
Classificação etária: consulte a programação