A taxa de transmissão da Covid-19 na cidade de Campinas atingiu nesta quarta-feira (26), o patamar mais alto da pandemia, segundo dados disponibilizados pela plataforma Info Tracker – um aplicativo criado por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) e da Unesp (Universidade Paulista).
De acordo com os dados, Campinas registrou o recorde de 1,63 de taxa de contágio – a maior desde o dia 1º de janeiro de 2021, data em que os dados estão disponibilizados na plataforma.
A taxa de 1,63 indica que cada grupo de 100 pessoas infectadas, pode transmitir a doença para outras 163.
Há um mês – no dia 26 de dezembro de 2021 – esse índice estava em 0,77, segundo o Info Tracker.
A situação, no entanto, só se agravou depois disso. No dia seis de janeiro, por exemplo, a taxa de transmissibilidade do vírus na cidade, já havia atingido a marca de 1,01.
A taxa recorde de reprodução da Covid se verificou também na cidade de São Paulo nesta quarta-feira, quando bateu em 1,79. O recorde anterior era do dia 28 de março de 2021, quando a taxa identificada na cidade foi de 1,7.
“É muito difícil fazer qualquer tipo de projeção, mas se a gente olhar pelo que aconteceu em outros países, dá para imaginar que, se a gente tiver algo semelhante aqui, essa onda a Ômicron dure algo entre dois e três meses”, disse o professor de infectologia da Faculdade de Medicina da PUC-Campinas, André Giglio.
“Aqui no Brasil, os casos começaram a aumentar de forma bem consistente a partir de final de dezembro e é muito possível que o pico da Ômicron seja agora em fevereiro. Se a tendência for semelhante a outros países – como Estados Unidos, Reino Unido e a própria África do Sul – é possível supor que em março, começo de abril, já estejamos numa situação melhor”, avalia o especialista.
Pressão
O ritmo forte de transmissão tem ampliado a pressão sobre os serviços de saúde, que registraram em Campinas, um aumento na ocupação de leitos.
No último boletim divulgado pela secretaria municipal de saúde, Campinas estava na segunda-feira (24), com 90,9% dos leitos Covid, ocupados. No SUS Municipal havia apenas um leito disponível. Já o SUS Estadual (HC da Unicamp) registrava lotação máxima. A pequena folga vinha da rede privada, que tinha 10 leitos livres.
Por conta disso, na mesma segunda-feira, a secretaria municipal de saúde anunciou a contratação de 44 leitos para atendimento de pacientes com síndrome respiratória. Os leitos foram adquiridos junto aos hospitais da Beneficência Portuguesa e Santa Casa, a um custo de R$ 13 milhões.
Com a abertura de parte dos novos leitos, o índice de ocupação desta quarta-feira (26), caiu um pouco em Campinas e chegou a 83,85% .
Nesta quarta I26), o governo do Estado anunciou a disponibilização de mais 700 leitos para pacientes Covid. Nessa ampliação, a regional de saúde de Campinas não foi contemplada.