Campinas passou, nos últimos dez anos, de um cenário de 7,07% de áreas verdes – principalmente fragmentos florestais, áreas na margem de córregos e rios – para 14,4%, conforme levantamento do Inventário florestal de São Paulo, divulgado no final de julho. O dado é importante por representar uma reversão na tendência histórica de redução na vegetação existente na cidade.
O resultado do relatório indica um aumento de 1.950 hectares de área recuperada, de acordo com os dados técnicos baseados em imagens de satélite realizados pelo Inventário, estudo que desenvolve ações de mapeamento e avaliação dos remanescentes da vegetação natural do estado e que pertence ao Instituto Florestal, entidade da Secretaria do Meio Ambiente do Estado São Paulo.
Segundo o Inventário Florestal publicado em 2000, o município de Campinas contava com 2.263,77 hectares de área com cobertura vegetal (cerca de 2,85% do território). Já na segunda década do século, em 2010, segundo o novo Inventário do Estado, Campinas apresentou o valor de 5.620,78 hectares de área com cobertura vegetal (cerca de 7,07%).
Em 2020, o valor de área revegetada no município chegou a 11.435 hectares, correspondente a aproximadamente 14,4% da área territorial municipal, mais do que dobrando a cobertura vegetal, conforme este levantamento apresentado pelo Estado.
Apesar de toda a queda nos séculos anteriores, o estudo mostra que a vegetação passou a ser recuperada – sobretudo a partir da última década. O que possibilitou este crescimento, segundo o secretário do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SVDS), Rogério Menezes, foi a política pública de cultivos para recuperação de áreas verdes, com o plantio de 225 hectares, e a maior fiscalização por meio de compensações ambientais, favorecendo a regeneração natural.
“Nós plantamos, desde o início de 2013, em média, 40 mil mudas por ano em compensações ambientais – nesses anos a gente já plantou 225 hectares. Mas o crescimento da vegetação, com a ampliação da área verde de 11,9% para 14,1%, representa 1.950 hectares de área recuperada”, afirma Menezes. De acordo com o secretário, “isto ocorreu, em parte, graças à regeneração natural no cenário de maior fiscalização, com tecnologia aplicada; e da consciência maior dos proprietários rurais – que hoje têm que fazer o Cadastro Ambiental Rural (CAR) – na esfera federal – de cada propriedade, e no qual toda a vegetação é georreferenciada”.
Segundo Menezes, foram tomadas decisões importantes para chegar a este resultado.
“Além da ampliação da fiscalização ambiental – tínhamos 4 fiscais na área ambiental e hoje nós temos 11 – nós utilizamos tecnologia aplicada à fiscalização. Às vezes fazem uma denúncia e dizem ‘o fiscal não esteve aqui’. Não esteve porque, em muitos casos, não precisava estar. Uma área derrubada a gente vê pelo computador, a gente dá o zoom no território, são imagens do Instituto de Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que nós recebemos”, completa Menezes.
Outra importante medida adotada pela administração municipal ao longo da última década, avalia o secretário, foi a diretriz de recompor áreas de preservação permanente (APPs) por meio do programa de Pagamento de Serviços Ambientais, áreas de proteção de recursos hídricos, áreas de proteção de mananciais e na APA de Campinas (Área de Proteção Ambiental na região de Sousas e Joaquim Egídio) também – existem plantios sendo feitos em propriedades rurais através do programa de PSA.
Todo proprietário rural é obrigado a fazer o CAR, em que inclui imagens georreferenciadas de satélite, toda a vegetação da propriedade, informação sobre a demarcação das áreas ao entorno da margem de córregos e rios, e demarcação de 50 metros de raio ao redor das nascentes.
Fazer o cadastro destes dados é obrigação legal e cada proprietário rural precisa entregar as informações ambientais de suas posses. Em Campinas, a maioria dos proprietários rurais se inscreveram pois têm responsabilidade com esta dívida ambiental de cada propriedade. “Neste novo cenário há maior conscientização, maior fiscalização e ação pró-ativa do poder público, da Prefeitura – já são 300 campos de futebol plantados em compensações ambientais com árvores nativas, o que contribui para esta recuperação histórica”, ressalta o secretário do Verde.
“Desde o surgimento da cidade, perdemos matas e o forte crescimento da cidade impactou demais as áreas verdes, desde os anos 50 até os anos 2000, com derrubada de árvores e desmatamento. Agora, há o processo de retomada da cobertura vegetal do município iniciado a partir de 2000”, aponta Menezes. (Com informações da Prefeitura de Campinas)