Lançado pelo então prefeito Jonas Donizette como a solução para a segurança hídrica de Campinas, o projeto “Nosso Cantareira” foi sepultado nesta terça-feira (7) pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos).
Ao invés de construir um reservatório de água bruta em uma área no distrito de Sousas e cujo decreto de utilidade pública chegou a ser publicado em maio de 2020, Dário anunciou hoje que pretende buscar formas alternativas para garantir – e ampliar, segundo ele – o fornecimento de água à população e às atividades econômicas.
Uma dessas soluções é a utilização da estrutura que está sendo montada pelo governo do Estado, de construção de duas represas na região – uma em Amparo e outra em Pedreira.
A ideia, segundo anúncio do presidente da Sanasa, Manuelito Magalhães, é viabilizar três pontos de captação de água na confluência dos rios Jaguari e Camanducaia, na represa de Pedreira.
Segundo ele, o plano é construir um duto de 16 km de extensão, da confluência dos rios, até uma estação de tratamento em Campinas. O plano prevê ainda, a possibilidade de construção de outro duto de 7 km com captação no rio Jaguari, direta no reservatório da Barragem de Pedreira. Uma terceira possibilidade seria a captação no Rio Jaguari, a jusante do reservatório da Barragem Pedreira
O prefeito e o presidente da Sanasa garantem que o plano é mais barato, poderá ser implementado em menos tempo e com menor impacto ambiental, que o reservatório de Sousas.
Segundo Manuelito, o custo deve ficar entre R$ 150 milhões e R$ 250 milhões. A previsão de gastos com o “Nosso Cantareira” era de pelo menos R$ 380 milhões.
Manuelito aposta que as duas represas ficam prontas no ano que vem e começam a operar em 2023, o que não aconteceria com o reservatório de Sousas.
“Qualquer outra discussão a respeito de Sousas, passa por liberações de licenças ambientais, elaboração de projeto, estudos de segurança hídrica. Não tenho nenhuma dúvida que estaremos usando a água desse sistema, antes de os estudos do reservatório de água bruta estarem concluídos”, afirmou.
Manuelito diz que a mudança de postura da Administração se deu por conta de um fato novo. ” E qual é o fato novo? É a existência das duas represas de Amparo e Pedreira, que permite que a gente utilize como represas de Campinas”, disse.
“Estamos fazendo uma mudança de prioridade. Por um projeto que é mais rápido, mais barato e que permite a utilização em um tempo menor”, acrescentou.
Dário Saadi diz que o reservatório de Sousas chegou mesmo a ser pensado como uma solução, mas isso mudou.
“Quando o reservatório foi apresentado não existia o projeto das represas. Era (então) a solução. Mas agora, a represa garante a quantidade da vazão a quantidade de água do Rio Jaguari e permite que o Campinas faça a captação”, explicou o prefeito.
Segundo Dário o projeto tem o sinal do verde do estado.
“Esse plano foi apresentado ao Estado e recebei o sinal verde. Nõs não iríamos apresentar um projeto se não houvesse a concordância”, garantiu. A expectativa é que esse novos sistema possa fornecre até 2,5 m3 de água por segundo a Campinas. Hoje, a cidade retira menos de 4% do Sistema Cantareira.
O que é o “Plano de Segurança Hídrica 2030”
O presidente da Sanasa, diz que o plano visa reduzir a dependência do Rio Atibaia, buscar outros mananciais e melhorar a eficiência.
A Sanasa promete investir no aumento da reservação de água – ampliando de 16 para 20 hs nossa capacidade. – 25 novos reservatórios.
– Ampliar em mais de 60% a capacidade de tratamento das ETA’s 3 e 4, de 3,3 para 5 m³/s
27 Km de novas Subadutoras
melhorar a capacidade de manobra do sistema e levar mais água para várias regiões da cidade
Tratamento de Esgoto
– Com a entrada em operação da EPAR Boa Vista, a empresa vai atingir 30% de tratamento em nível terciário.
– Novas obras:
EPAR CAPUAVA – parceria com Valinhos – água mais limpa para captação no Atibaia
EPAR Anhumas – reformar a ETE, transformando-a em EPAR.
– Com essas duas obras,a Sanasa diz que vai atingir 70% de tratamento terciário, um dos índices mais altos do país, devolvendo aos rios e desenvolvendo o mercado de água de reuso com esgoto tratado a 99% de pureza.
Captação em outros mananciais
O ponto central é garantir a ampliação de água bruta em outros mananciais, garantindo a oferta de água para o futuro da cidade.
Há três alternativas em estudo:
1- Captação no Rio Jaguari, a jusante do Rio Camanducaia
2- Captação no rio Jaguari, direta no reservatório da Barragem de Pedreira.
3- Captação no Rio Jaguari, jusante do reservatório da Barragem Pedreira
Em qualquer das alternativas, a água será tratada na nova ETA da cidade
CONSTRUÇÃO DE NOVA ETA (Zona Norte), para tratar a água vinda da represa e ampliar a capacidade, que escoará a produção através de uma adutora conectada à nova subadutora PUCC, interligada ao sistema de Macro Adução.
Melhorar eficiência….
Intensificar o programa de redução de perdas. Segundo a Sanasa, o índice de perdas no Brasil é de 39% . Campinas está em 21,5%. A meta é atingir 19,5%.
Em 2021, a empresa está trocando 11 km por mês de rede. Até o final de 2022, a meta é atingir 253 km de trocas de redes e mais 135 Km já estão contratados para obras que se estenderão até 2023, totalizando 423 Km de trocas.
O que é o “Nosso Cantareira”
O edital de licitação do Reservatório de Água Bruta de Campinas, também conhecido como “Nosso Cantareira” – foi lançado em agosto de 2020.
Localizada no distrito de Sousas, a área de desapropriação possui 3.582.143,12 m² . O espelho d’água ocupará 1.632.000 m² e terá um volume útil de água de 17.453.000 m³ , o que corresponde a 17.453.000.000 de litros.
O investimento total à época estava previsto em R$ 379.151.412,73, e o prazo para a conclusão do projeto, incluindo as licenças ambientais seria de 31 meses.
“Teremos o dobro de área de preservação, e o reservatório será uma represa aberta para a prática de esportes náuticos”, afirmou Jonas, à época.
A represa também daria a possibilidade de geração de energia, de venda de água tratada para outros municípios e também de integração aos reservatórios de Pedreira e Amparo.