O campineiro fiel aos princípios de butecagem amanheceu sorridente. Pontualmente às 7h desta segunda-feira (10), o City Bar reabriu as portas da tradição. A quarentena imposta pelo coronavírus chegou ao fim. Mais longa do que imaginava o dono, mas na conta de acalmar os boatos sobre o futuro duvidoso do lugar. Enquanto ocupava uma das mesas do bar para reavivar as próprias lembranças, José dos Santos Antônio parafraseava, com a propriedade de proprietário, o ditado popular: O City Bar enverga mas não quebra.
Foram exatos 67 dias de portas cerradas e de dúvidas do campineiro sobre o destino do bar de 61 anos de idade, cuja história se integra à de Campinas. Nunca foi intenção encerrar as atividades, assegura seu Zé. E só graças à resiliência e ao respeito à importância do City Bar foi possível sobreviver aos sobressaltos e às dores da pandemia.
“Sei o que o City Bar significa para Campinas e enquanto eu estiver vivo, vai continuar significando”, diz seu Zé
“No ano passado ficamos sete meses sem atender o público, e este ano pouco mais de dois meses. Foi preciso parar e esperar para poder continuar. Mantive meus funcionários, as contas em dia, tudo certo para poder receber a todos novamente. Sei o que o City Bar significa e enquanto eu estiver vivo, vai continuar significando”, promete seu Zé.
O almoço desta segunda-feira foi carregado de reencontros. Amigos e fiéis frequentadores também marcaram presença na reabertura do City Bar. Houve ainda quem fosse em busca de alento para o próprio futuro, como o caso de Valmir Belloti, proprietário do Rei do Joelho. “A gente está passando uma dificuldade muito grande. Muitos dos bares estão fechados ainda, mas tenho fé que irão voltar. O City Bar foi o primeiro a reabrir e eu tinha que vir. Aqui é a nata de Campinas, é o começo de tudo, e o Rei do Joelho tinha de estar aqui para prestigiar”, garante.
Quando a crise econômica bate às portas de tantos comércios, solidariedade e apoio se sobrepõem à concorrência. Valmir Belloti não poupa elogios ao testemunho da reabertura. “Nós estamos juntos. Uma maravilha aqui, tudo ótimo. A mesma coisa de sempre, nada mudou, a mesma qualidade, o mesmo excelente atendimento de sempre”.
De sorriso largo, seu Zé vê os primeiros clientes pós-quarentena se aconchegarem às mesas, com nova disposição, em respeito às regras sanitárias. “Estou muito feliz. Sempre disse que voltaríamos assim que as medidas fossem flexibilizadas. E chegou a hora. Estamos respeitando os 30% de capacidade, há álcool em gel em todos os lugares, tudo dentro do que manda a lei”, assegura seu Zé. “O City Bar é Campinas e Campinas nunca para. Estou aqui há 28 anos, desde que comprei o bar, pra garantir que tudo continue como sempre foi”, informa.
Antenado às mudanças, sem nunca perder a essência. Essa é a regra do City Bar, diz seu Zé. “Isso aqui é bar e bar vai continuar. É claro que alguma coisa a gente sempre pode melhorar. Reformamos os banheiros, trocamos o piso, só para receber todo mundo melhor ainda”.
A esquina mais campineira de Campinas, entre a Júlio e Mesquita e a General Osório, recebeu novamente mesas vermelhas na calçada, guarda-sóis e clientes saudosos. E assim será diariamente, das 7h às 21h.