Milhares de russos expressaram até agora com as suas assinaturas o apoio ao ex-deputado liberal que pretende tornar-se o candidato presidencial “pela paz” e contra o atual Presidente russo, Vladimir Putin, nas eleições de entre 15 e 17 de março.
Desde sábado, apesar do frio glacial, os moscovitas saíram à rua e aguardaram em fila para apoiar Boris Nadejdin, um desconhecido do grande público que recolhe assinaturas para defrontar Putin nas presidenciais.
O antigo deputado, que passou pela oposição liberal mas também por movimentos mais alinhados com as autoridades, se diz contra a guerra russa na Ucrânia, em curso há quase dois anos.
Até agora, Boris Nadejdin, que tinha as suas ligações dentro do regime, não foi alvo da repressão.
Ainda no domingo, durante um debate na plataforma digital YouTube com a jornalista russa atualmente exilada Yulia Latynina, Nadejdin reafirmou ser a favor da paz e querer pôr fim à mobilização de homens para combater, se for eleito.
Nos últimos meses, defendeu que a Rússia deve “eleger um novo Presidente” e classificou a intervenção na Ucrânia como “um erro fatal” de Vladimir Putin.
Para concorrer às presidenciais, deve primeiro reunir, até 31 de janeiro, 100 mil assinaturas de eleitores. Sua página da Internet indica que até hoje já tinha recolhido quase 85 mil.
As suas tomadas de posição são uma exceção na Rússia, onde a quase totalidade das figuras que se opunham à agressão à Ucrânia fugiram do país ou foram aprisionadas, tal como milhares de cidadãos anônimos. Os outros candidatos às presidenciais têm-se abstido de expressar a menor crítica à ofensiva russa e a Putin.
Na fila para as assinaturas, um estudante de Biotecnologia de 19 anos, Ivan Semionov, explicou que veio apoiar Nadejdin porque ficou “comovido com as surpreendentes imagens divulgadas este fim de semana nas redes sociais, mostrando tantas pessoas que vieram apoiá-lo”.
“Para muitas pessoas, é uma oportunidade de exprimirem o seu desacordo com o que se passa, sem temerem ser presas ou despedidas”, observou o jovem.
Deputado liberal na Duma, a câmara baixa do parlamento russo, no início dos anos 2000, Boris Nadejdin era próximo do opositor Boris Nemtsov, assassinado em 2015.
Vladimir Putin, no poder há quase um quarto de século, deverá, no entanto, ser mais uma vez reeleito para a Presidência em meados de março.