O Brasil viveu um fevereiro diferente nos últimos dois anos. Tristezas, lágrimas e perdas tomaram o lugar das fantasias, sorrisos e diversões. No segundo mês de 2021 foram 30.484 mortes. No ano seguinte, 22 mil no mesmo período. Resultados da pandemia do coronavírus. Foram épocas de carnavais cancelados e isolamento. Neste 2023, a festa está de volta, mas o intruso não saiu de cena.
Apesar da pandemia controlada, especialistas não descartam um aumento significativo do número de casos de Covid-19 durante esses quatro dias em função da aglomeração característica da festa. Por outro lado, ocorrências graves com registros de internações e mortes são bastante improváveis, afirmam.
“É possível que haja uma explosão de casos, mas não esperamos aumento importante de ocorrências graves porque, apesar das aglomerações, a maior parte da população jovem e adulta tem, no mínimo, duas doses da vacina”, argumenta a infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp.
“O contexto atual é diferente de três anos atrás, quando não havia vacina. A possibilidade de ter um aumento de casos existe nesse Carnaval, mas dificilmente haverá um impacto no sistema de saúde”, complementa André Giglio Bueno, infectologista da Puc-Campinas.
A média de mortes por Covid-19 vem caindo no Brasil, chegando um patamar semelhante ao do primeiro semestre de abril de 2020, quando a pandemia estava no início. Campinas e região acompanham a tendência nacional, embora tenham registrado aumento no número de casos nas últimas semanas em comparação com o final do mês de janeiro.
A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) de Campinas, Andrea Von Zuben, afirma que a secretaria de Saúde está atenta.
“Pode ser que haja uma explosão de casos. As pessoas estão usando menos máscaras e no carnaval há as aglomerações”, alerta, destacando que as internações atingem normalmente as pessoas que não se vacinaram, mas também podem chegar entre os imunizados.
Vírus em circulação
O médico e professor da Unicamp, Carmino Antônio de Souza, lembra que “a vacina diminui a letalidade do vírus, mas não impede a infecção”. Ele ressalta o aumento do número de casos em países como China e Índia e lembra que nos Estados Unidos são, “aproximadamente, 25 mil ocorrências por dia.”
“O vírus circula, gosta de pessoas e nossa tarefa como profissionais da saúde é alertar.”
O médico enfatiza que a ausência de sintomas ainda é uma regra entre os infectados. “Apenas 20% dos que têm a doença apresentam algum quadro que muitas vezes se confunde com o da gripe”. Em todas as situações, a transmissão do vírus ainda só pode ser contida por meio dos cuidados já amplamente divulgados entre a população, como o uso de máscaras, higienização das mãos e o distanciamento social.
A possibilidade de um retorno ao cenário de dois anos atrás não se configura, pelo menos a curto prazo, segundo os especialistas. As variantes do vírus SARS-CoV-2, como o ômicrom, BA.5 e XBB, não se mostraram resistentes à vacina, o que garante proteção à população. No entanto, é importante as pessoas não se descuidarem, alerta a classe médica.