No dia 6 de agosto de 1910, nascia em Valinhos João Rubinato, um dos oito filhos de Francesco com Emma Ricchini, imigrantes italianos. Parte de uma família que circulava de cidade em cidade em busca de resolver os problemas financeiros, o garoto começou a trabalhar ainda criança. De entregador de marmita, se tornou artista, adotou o nome de Adoniran Barbosa e entrou para a história como o pai do samba paulista.
Neste domingo (6), quando se completa 113 anos do nascimento deste importante personagem da cultura popular, Valinhos prestará uma homenageará ao filho da terra.
Quem for ao Museu e Acervo Cultural Fotógrafo Haroldo Ângelo Pazinatto, entre 9h e 13h30 de domingo, terá a oportunidade de fazer uma viagem no tempo. O evento contará com a presença do Grupo “Quinteto do Samba”, que programou um repertório incluindo não só as músicas mais populares de Adoniran, como “Trem das Onze” e “Saudosa Maloca”, como também aquelas pouco conhecidas do público.
“É um enfoque inédito para as músicas ‘Lado B’, resgatando as menos conhecidas de seu repertório, com uma releitura das composições e uma viagem na história”, enfatiza o grupo, formado pelos percussionistas Luiz Fabiano Jesuino e Luiz Otávio Zago Jesuino, o violonista de 7 cordas Guilherme Dias, o cavaquista e vocalista Fabricio Bizarri e o vocalista e pandeirista Carlos Eduardo Inácio.
A exposição de esculturas inspiradas em Adoniran também será uma das atrações, assim como a presença de Sérgio Rubinato, sobrinho de Adoniran, que o acompanhou em grande parte de sua carreira e contará fatos envolvendo a vida do tio, além de detalhes por trás das composições. Hoje com 78 anos (completa 79 no dia 12 deste mês), Sérgio, que é engenheiro civil e mora em São Paulo, participou da trajetória artística do sambista de 1968 a 1981, um ano antes de sua morte.
“Foi uma época difícil para o Adoniran”, conta. “Ele havia sido demitido da Rádio Record e buscava fazer shows para se sustentar, mas não tinha produtor e nem mesmo transporte. Como eu tinha um carro, passamos a trabalhar juntos. Fui aprendendo na prática e me tornei secretário, iluminador e mexia com o som”, lembra.
As viagens mais intensas aconteceram depois do lançamento do autointitulado LP de 1974, diz Sérgio. “Na estrada, eu ia dirigindo com meu tio ao meu lado e o grupo Talismã, formado por um percussionista, um violonista e um cavaquista, no banco de trás.”
Após a morte de Adoniran, em 1982, vítima de enfisema pulmonar, a família manteve o museu do artista em São Paulo, que hoje não existe mais. O acervo, formado por mais de 300 itens que pertenciam ao compositor, hoje integra um museu itinerante e é controlado pelo produtor Pedro Serrano, que dirigiu o curta-metragem homônimo, premiado no Festival de Gramado em 2015, e o documentário “Adoniran — Meu Nome é João Rubinato” (2018).
Atualmente, Serrano está na direção do longa “Dá Licença de Contar”, que faz um mergulho nas canções do artista e traz Paulo Miklos, dos Titãs, na pele do sambista. A produção deve estrear nos cinemas em 2024.
“Ele era triste”
Apesar da imagem marcada pela ironia, enfatizada nas fotos históricas pelo chapéu torto e um sorriso debochador, Adoniran era uma pessoa triste, conforme define seu sobrinho. “Ele viu muitas portas se fecharem e ficou muito magoado com isso”, justifica.
Como ator e humorista, se popularizou representando papeis na Rádio Record, onde trabalhou por mais de 30 anos. Já nas composições, o enfoque era no drama humano que observava na São Paulo dos anos de 1950 e 1960 e vivia na própria pele diante das dificuldades de um artista despojado de padrinhos e produções e acompanhado apenas pelo próprio talento.
Os despejados das favelas, os engraxates, a mulher submissa que se revolta e abandona a casa e o homem solitário estão presentes em suas criações, assim como o humor, ressaltado na linguagem popular paulistana, que fazia questão de incorporar nas interpretações e se tornou marca inconfundível de sua obra.
SERVIÇO
Data: Domingo, 6 de agosto.
Horário: das 9h às 13h30.
Local: Museu e Acervo Cultural Fotógrafo Haroldo Ângelo Pazinatto.
Endereço: Rua Doze de Outubro, s/n – Centro, Valinhos, oposto ao nº 200 da Av. dos Imigrantes.
Entrada gratuita
Haverá Espaço Kids e Praça de Alimentação