A Casa da Criança Paralítica (CCP), de Campinas, acaba de lançar o projeto “Conexões: a tecnologia como instrumento para a construção do projeto de vida de jovens com deficiência física”. O projeto organizará “planos de vida” para 24 jovens e adolescentes de 15 a 29 anos atendidos pela instituição que residem em todas as regiões do município, para que possam fazer frente às demandas atuais, sejam do ambiente de trabalho, da família ou da comunidade.
“Apoiar e guiar o jovem na construção do projeto de vida é de suma importância e tende a trazer mudanças positivas, pois permitirá que ele construa por si e na convivência com seus pares os próprios laços e redes sociais. E isso pode ser facilitado pelo projeto que a pessoa tem para sua vida, construindo uma identidade com estratégias pessoais para lidar com as crises sociais que irá viver”, diz a fisioterapeuta Sílvia Regina Nunes Felippe Bertazzoli, coordenadora da CCP e responsável pelo projeto.
Em Campinas há 24.827 pessoas com deficiência física – 11.379 delas com idade entre 15 e 29 anos, conforme a base de dados da Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo. E, de acordo com o Caged 2020, apenas 2.327 dessas pessoas trabalham formalmente, sendo que 61% recebem até três salários mínimos por mês.
“Um dos desafios atuais na nossa sociedade é justamente proporcionar autonomia e planejamento de vida e no mundo do trabalho ao adolescente e jovem com deficiência física. Por isso, serão trabalhadas a construção desse projeto e as estratégias para colocá-lo em prática, por meio do uso da tecnologia, a qual os PCDs têm pouco acesso e, por vezes, necessitam de adaptações, durante oficinas com quatro grupos de seis jovens, e duração de duas horas semanais cada”, explica Sílvia.
Para atingir esses objetivos, o Conexões se pauta por algumas etapas. No ‘Aprender a aprender’, por meio dos recursos tecnológicos, o jovem iniciará o processo de construção de seu projeto de vida e identificará habilidades pessoais e profissionais, realizando pesquisas e aprendendo os recursos básicos do computador. Com a ‘Construção do projeto de vida’, o objetivo é possibilitar refletir sobre seu papel no mundo, seus planos e sua própria constituição enquanto sujeito e quais seus planos profissionais.
Numa outra etapa, a ‘Vivência prática’ os jovens conhecerão e farão conexões com profissionais e empresas de diferentes áreas para aumentar o universo de conhecimento e networking. Conforme a CCP, serão realizadas parcerias com empresas, profissionais e empreendedores.
“Os profissionais serão, principalmente, aqueles com deficiência, devido à importância da representatividade”, ressalta Silvia. Por fim, na “Inspiração profissional e inserção no mundo do trabalho” é dado o apoio para que o jovem ingresse no mundo do trabalho.
A coordenadora explica que o projeto recebeu recursos da Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região, no valor total de R$ 90 mil. “Esses recursos serão utilizados ao longo de um ano para aquisição de oito notebooks para a sala de informática da CCP e o pagamento do salário do professor de informática que integra a equipe do projeto”, informa. Além do professor de informática, os demais profissionais são a psicóloga, a gerente técnica e a coordenadora de projetos – cujos salários serão uma contrapartida da CPP.
Fundada em 1954, a Casa da Criança Paralítica (CCP) oferece atendimento especializado gratuito a crianças, adolescentes e jovens com deficiência física nas áreas de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, médica, odontologia, psicologia, nutrição, serviço social e pedagogia, além de orientação à família. Atualmente, em sua sede, são atendidos mais de 360 pacientes por mês, a maioria de baixa renda.