A África registou 17.500 casos de sarampo nos primeiros três meses deste ano, quatro vezes mais do que no mesmo período de 2021, anunciou nesta quinta-feira (28) a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Quase 17.500 casos de sarampo foram registados na região africana entre janeiro e março de 2022, um aumento de 400% face ao mesmo período de 2021”, quando se registaram 4.359 casos da doença no continente, anunciou o escritório africano da Organização Mundial de Saúde (OMS África), em comunicado.
No primeiro trimestre de 2022, 20 países africanos registaram surtos de sarampo. No comunicado, a OMS África sublinha que as desigualdades no acesso às vacinas e as perturbações provocadas pela pandemia de Covid-19, com a sobrecarga dos serviços de saúde, provocaram a suspensão dos programas de vacinação em muitos países africanos.
“A imunização de rotina, uma prática estabelecida há muito em muitos países africanos, foi severamente pressionada pelo impacto da Covid-19. Na esteira desta pandemia, estamos comprometidos em ajudar os países a desenvolver abordagens inteligentes para aumentar a vacinação contra a Covid-19 e para restaurar e expandir os sistemas de vacinação de rotina”, disse o diretor para as doenças transmissíveis e não-transmissíveis na OMS África, Benido Impouma.
Além do sarampo, a suspensão da vacinação de rotina provocou surtos de outras doenças preveníveis com vacinas, como a poliomielite ou a febre amarela, alertou a organização.
Com efeito, 24 países africanos confirmaram surtos de uma variante da pólio em 2021, mais quatro do que no ano anterior; e 13 países reportaram novos surtos de febre amarela no continente, quando em 2020 foram nove e em 2019 três. “O aumento dos surtos de doenças preveníveis com vacinas é um sinal de alerta. Enquanto a África trabalha duro para derrotar a Covid-19, não devemos esquecer outras ameaças à saúde”, disse a diretora regional da OMS África, Matshidiso Moeti, citada no comunicado. “À medida que os países restauram os serviços, a imunização de rotina deve estar no centro de sistemas de saúde recuperados e resilientes”, acrescentou.
Segundo a OMS, duas doses da vacina do sarampo administradas dentro do calendário resultam numa proteção de longo prazo contra uma doença potencialmente fatal e os países devem garantir coberturas vacinais de 95% (com duas doses) para alcançar a eliminação da doença.
Em 2019, seis países africanos alcançaram uma cobertura de 95% com a primeira dose da vacina do sarampo e em 2020 apenas três alcançaram esta meta, segundo dados da OMS e da Unicef.
A OMS África escreve no comunicado que mais de 90% dos 38 países cobertos por este escritório regional disseram ter implementado pelo menos uma campanha de imunização de rotina no segundo semestre de 2021. Alguns, como o Gana ou a Nigéria, conseguiram integrar campanhas de imunização cruciais na vacinação contra a Covid-19.
As campanhas de vacinação em massa também promoveram um aumento da vacinação contra o SARS-CoV-2, e entre janeiro e abril a taxa de africanos completamente vacinados subiu de 11,1% para 17,1%.
(Agência Lusa)