Para solucionar o problema de superaquecimento de equipamentos eletroeletrônicos e atender às crescentes demandas de tecnologias emergentes como 5G, mobilidade elétrica e servidores de alta performance, a Celera Fibras, de Campinas se uniu à Unicamp para desenvolver um material que dissipasse o calor rapidamente e ainda melhorasse a performance, confiabilidade e durabilidade dessas aplicações. A tecnologia, que gerou o pedido de patente em co-titularidade entre a Universidade e a Celera Fibras e licenciamento exclusivo para a empresa, foi premiada no Prêmio inventores da Unicamp na categoria Propriedade Intelectual.
“Todo produto eletroeletrônico, alimentado por uma corrente elétrica, gera calor como um subproduto. Nosso papel é desenvolver soluções que gerenciem a energia térmica produzida nesses dispositivos, encontrando formas eficientes de dissipá-lo para o ambiente, o que garante o aumento da durabilidade, confiabilidade e vida útil de dispositivos como luminárias LED, aparelhos de telefonia celular e tablets e baterias elétricas”, ressalta Alex Souza, CEO da Celera Fibras.
Um dos diferenciais desta tecnologia é o fato de ser um nanocompósito e reunir propriedades de vários componentes – inclusive o grafeno. É uma tecnologia extremamente inovadora e benéfica para a indústria de dispositivos, pois possibilita a união de caraterísticas – mecânicas, térmicas e elétricas – essenciais para este mercado. Por serem excelentes condutores térmicos, os grafíticos podem atender melhor a demanda da condução e da dissipação do calor do que o metal, por exemplo.
De acordo com o CEO da Celera Fibras, após o patenteamento da solução, os próximos passos consistem na expansão dos testes em escala laboratorial para a comercial, com disponibilização do produto às empresas desenvolvedoras de dispositivos, com foco inicial em dois mercados: o de iluminação e o de veículos elétricos. As vendas comerciais devem começar no início de 2024.
Ele destaca o grande campo comercial para a aplicação da nova tecnologia. “O Brasil possui 18 milhões de pontos de iluminação em áreas públicas, e uma parte significativa desse total ainda utiliza lâmpadas incandescentes. Nos próximos anos, haverá uma migração acelerada para o LED, buscando-se, sobretudo, aumento da eficiência energética, já que produz a mesma quantidade de luz com um consumo 70% menor. Este, portanto, é um mercado importante para a tecnologia desenvolvida”, pondera Souza.
“Com essas perspectivas, ganhará, também, o consumidor final: ao se tornar uma realidade no mercado, o produto que chega ao alcance da população com o nanocompósito em sua composição traz as inovações: vida útil prolongada, menos aquecimento e maior durabilidade, com benefícios mútuos à Universidade, às empresas envolvidas e à sociedade”.
A aplicação do material chamou a atenção da empresa canadense contratada para fornecimento de 2,4 milhões de Leds para os ambientes interno e externo do MSG Sphere, que selecionou a Celera para desenvolver e fornecer dois componentes, em grafite e em silicone, utilizados no interior das lâmpadas. Concorrendo com gigantes multinacionais, a empresa é a única brasileira a participar desse projeto.