O ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, que estava desaparecido de cerimônias públicas há um mês, foi demitido nesta terça-feira (25) e substituído pelo seu antecessor, Wang Yi, divulgaram os veículos estatais.
A decisão teria sido adotada durante uma sessão do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (o parlamento chinês), de acordo com a agência noticiosa estatal chinesa Xinhua, que acrescentou que o governador do Banco Central, Yi Gang, também foi afastado de funções, sendo substituído por Pan Gongsheng.
Qin Gang não aparecia em público desde 25 de junho, dia em que se reuniu na capital chinesa com responsáveis do Sri Lanka, Rússia e Vietnã e, desde então, tem estado ausente de vários eventos diplomáticos, suscitando variadas especulações sobre o seu paradeiro e sobre a sua situação.
O Ministério das Relações Exteriores não forneceu qualquer explicação sobre a situação no seu ‘briefing’ diário de hoje. No início deste mês, a porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, justificou a ausência de Qin Gang de um encontro de ministros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em Jacarta, Indonésia, por “motivos de saúde”.
Questionada novamente sobre o paradeiro do responsável, a porta-voz disse, em conferência de imprensa na segunda-feira (24), não ter informações sobre o assunto e negou que a ausência tivesse impacto nas atividades diplomáticas do país.
Qin Gang, de 57 anos, foi nomeado ministro em dezembro passado. Anteriormente foi embaixador em Washington e é fluente em inglês.
A nomeação como ministro ocorreu no momento em que Pequim terminou a política de ‘zero covid’, que manteve as fronteiras do país encerradas durante quase três anos.
Além de receber dignitários estrangeiros em Pequim, incluindo o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, Qin Gang fez viagens à Europa, África e Ásia Central.
Qin substituiu Wang Yi, atual diretor do Gabinete da Comissão para as Relações Externas do Partido Comunista da China (PCC) e classificado como o principal diplomata chinês, com uma agenda internacional marcada pela guerra na Ucrânia ou pela crescente rivalidade entre Pequim e Washington.
Hu Xijin, influente comentarista chinês e antigo editor-chefe do Global Times, jornal oficial do PCC, admitiu, num comentário difundido através da rede social Weibo, que “está toda a gente preocupada com um assunto, mas que não pode discuti-lo publicamente”.
Na China, o desaparecimento de altos funcionários, celebridades e empresários é comum. Frequentemente, as autoridades anunciam mais tarde que a pessoa desaparecida está sendo investigada ou foi punida.
Entre os casos mais proeminentes dos últimos anos consta o do ex-chefe chinês da Interpol Meng Hongwei, que desapareceu durante uma viagem à China, em 2018. Em 2020, foi condenado a 13 anos e meio de prisão por um tribunal chinês por receber mais de dois milhões de dólares em subornos.
Em fevereiro passado, Bao Fan, o fundador de um banco de investimento, também desapareceu. Uma semana depois, a empresa admitiu “ter tido conhecimento” de que Bao estava cooperando numa investigação.
A tenista chinesa Peng Shuai também deixou de ser vista em público, em 2021, depois de acusar um antigo vice–primeiro-ministro chinês de má conduta sexual.
(Agência Lusa)