A passagem do ciclone “Mocha” por Myanmar (antiga Birmânia provocou pelo menos 80 mortos, disseram nesta terça-feira (16) autoridades regionais e meios de comunicação apoiados pela junta militar no poder. Há pelo menos 100 desaparecidos.
Com ventos de até 195 quilômetros por hora, o “Mocha” passou entre Sittwe, a capital do estado birmanês de Rakhine, e Cox’s Bazar, no vizinho Bangladesh, onde existem campos para a minoria muçulmana rohingya, que fugiu da violência do exército de Myanmar.
Vinte e quatro pessoas morreram em Khaung Doke Kar e 17 em Bu Ma, perto de Sittwe, disseram as autoridades locais e residentes à agência francesa AFP.
“Haverá mais mortes, porque mais de 100 pessoas estão desaparecidas”, avisou Karlo, um chefe de Bu Ma.
Treze pessoas morreram quando um mosteiro ruiu no município de Rathedaung, a norte de Sittwe. A última contagem da junta militar, divulgada na segunda-feira, era de cinco mortos e um número não especificado de feridos, segundo a AFP.
O “Mocha”, considerado a maior tempestade em mais de uma década na região, também devastou aldeias e campos de deslocados rohingya no estado de Rakhine.
As comunicações estavam a ser lentamente restabelecidas hoje em Sittwe, onde vivem cerca de 150.000 pessoas, à medida que as estradas eram desobstruídas e a Internet restabelecida, relataram jornalistas da AFP.
A China afirmou estar “pronta a fornecer ajuda de emergência em caso de catástrofe”, de acordo com uma declaração publicada pela embaixada chinesa em Myanmar na rede social Facebook.
O país do Sudeste Asiático é governado pelos militares desde o golpe de Estado de 01 de fevereiro de 2021, que derrubou o governo eleito de Aung San Suu Kyi, prémio Nobel da paz de 1991.
Em Bangladesh, os danos nos campos de refugiados rohingya, onde cerca de um milhão de pessoas vivem em 190.000 abrigos de bambu e lona, foram mínimos, segundo as autoridades.