O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), regional Campinas, aponta impacto negativo no resultado industrial devido à pandemia do novo coronavírus. De acordo com a sondagem industrial, realizada pelo órgão, no mês de março, 41% das empresas diminuíram a produção em relação ao mês de fevereiro, e metade teve queda no faturamento. Apenas o aumento da cobertura vacinal nos próximos meses deve ajudar na recuperação do setor.
A sondagem mostra que 19% das empresas pesquisadas reduziram o quadro de funcionários, 26% perceberam aumento da inadimplência, 14% tiveram aumento do endividamento. Outras 31% estão usando no máximo metade de sua capacidade instalada de produção. Enquanto isso, 79% das empresas sentiram aumento no custo das matérias primas, componentes ou peças. Os custos com energia, água e transporte também subiram para 65% delas e 43% não vão investir em ampliação da capacidade produtiva por pelo menos um ano.
Todo esse resultado é creditado ao aumento no número de casos de Covid-19 e às restrições de circulação que isso causa. “No primeiro trimestre deve ter queda do Produto Interno Bruto (PIB). Essa queda é por causa do aumento da pandemia, de casos da doença, restrição de trabalho e de movimentação das pessoas. A gente conclui que as empresas estão tirando o pé do acelerador, diminuindo a produção, que tem sido feita em cima da demanda. O comércio não está podendo estocar fora daqueles itens de necessidade básica”, diz José Henrique Toledo Corrêa, vice-diretor do Ciesp Campinas.
“A gente precisa que o comércio volte aos poucos. A restrição de que apenas poucos estabelecimentos podem comercializar é ruim para a indústria”, José Henrique Toledo Corrêa, vice-diretor do Ciesp Campinas.
Apesar de 19% das empresas pesquisadas terem demitido funcionários, outras 71% mantiveram seus quadros estáveis. “O número de funcionários diminuiu, mas a grande maioria das empresas permanece com seu quadro funcional. Não é interessante fazer demissão nesse momento. Elas já foram feitas lá atrás, no ano passado. Demissões são caras, e o que as empresas querem é a retomada”, argumenta.
Ainda segundo o vice-diretor, a indústria paulista continua em expansão, mas está em um momento de queda por causa do aumento dos casos de Covid-19. “Antes, estava vindo em crescimento. A indústria tem uma capacidade de recuperação rápida e é ela que sustenta o comércio. Assim que houver melhora na abertura da área comercial, a indústria se recupera rapidamente. Aquele que tiver dinheiro para investir ou conseguir crédito, volta a produzir e contratar”, afirma.
A entidade avalia que nos próximos 30/60 dias haja uma retomada da produção industrial e aposta numa maior cobertura vacinal para isso. “Precisamos ter a manutenção das nossas empresas, com emprego pleno, para que a gente possa ter a retomada. Por isso, acreditamos que com a vacinação e, nossos próximos meses com a maior imunização da população, a indústria consiga retomar o seu crescimento. Nós estamos juntamente com a agroindústria sustentando esse país”, afirma.
Balança comercial
A balança comercial regional continua em defasagem, segundo levantamento do Ciesp. No mês de fevereiro desde ano, foram exportados US$ 187,7 milhões ante US$ 239,5 milhões no mesmo mês de 2020, uma queda de 21,6%. No acumulado de 2021, foram exportados US$ 379,8 milhões contra US$ 463,8 milhões no mesmo período do ano passado, uma reduçaõ de 18,1%.
Já as importações aumentaram e chegaram a US$ 781,5 milhões em fevereiro deste ano, contra US$ 705,5 milhões no mesmo mês de 2020. Um aumento de 10,8%. No acumulado do ano, o montante chegou a US$ 1,6 bilhão ante US$ 1,5 bilhão no mesmo período de 2020, representando um crescimento de 1,1%.
Segundo José Henrique, esse déficit não é tão prejudicial porque a balança comercial regional importa insumos de alta tecnologia e as empresas produzem produtos de alto valor agregado que ficam no mercado interno, sendo só uma parte destinada à exportação. “Para aumentar a exportação vai desde a identificação da demanda externa e as empresas precisam participar de missões, visitas e ver se o produto delas tem mercado lá fora. Historicamente, sempre será deficitário. O que precisa ser feito é criar a cultura de ter alto valor agregado e esse alto valor agregado ser exportado. Isso fica na mão das startups, de novas empresas criarem produtos de alto valor agregado, o que vai ajudar a diminuir o déficit da balança”, conclui.