O tempo seco e a falta de chuvas têm colocado os gestores da região em alerta. As cidades estão monitorando os níveis de seus reservatórios, mas seguem sem restrição no abastecimento, por enquanto. Para evitar a falta de água, adotam medidas como a aplicação de multas contra o desperdício e investem em campanhas de conscientização como forma de evitar o rodízio.
Valinhos, por exemplo, conta com quatro represas, a Barragem Santana do Cuiabano, que opera com 76% da capacidade; a Barragem Moinho Velho, que está com 64% da capacidade; a Barragem das Figueiras, que opera com 42% da capacidade; e a Barragem João Antunes dos Santos, que está com 5% da capacidade.
O município também é abastecido pelo Rio Atibaia. Lá, segundo a Administração, a captação opera sem restrições, com vazão de 11,18m³/s. “Os mananciais estão com diminuição acentuada do nível ou vazão, com redução na captação normal e necessidade de captações emergenciais, com possibilidade de comprometimento do abastecimento. Por enquanto, não há racionamento”, informou.
Em Vinhedo está vigente o Decreto Municipal nº 126/2021 que prevê multa para quem lavar calçadas, ruas, varandas, pátios, quintais, telhados e veículos em casa ou em vias públicas. O desperdício de água, como aguar gramados ou jardins com uso de mangueira, também rende multa de R$ 535,83.
As medidas de uso racional de água foram adotadas em Vinhedo com o alerta de especialistas, indicando que o período de estiagem deste ano exige atenção e cautela no uso da água em todo o Estado de São Paulo para evitar um cenário mais crítico.
Nova Odessa não corre risco de desabastecimento ou racionamento de água tratada neste ano até o momento. Segundo a equipe técnica da Coden Ambiental, as cinco represas da cidade, responsável por 100% da água captada para abastecimento, estão com 76,04% de suas capacidades somadas. “Não estamos realizando racionamento, pois atualmente estamos com 76,04% de capacidade preenchida nos nossos reservatórios e a outorga exige racionamento apenas com 40% ou menos”, explicou o diretor técnico da concessionária, Rean Gonçalves Sobrinho.
A Prefeitura da cidade tem atuado para garantir a segurança hídrica da cidade. Em junho, a Coden alcançou 34% do prolongamento da adutora Córrego Palmital-ETA 1, na Rodovia Rodolfo Kivitz, que permitirá a captação de 70 litros de água bruta por segundo, o equivalente a um terço da vazão diária total. Segundo informações do município, até o final do ano está prevista a conclusão da ETA 2 – Santo Ângelo, que garantirá um volume de água tratada de 3,6 milhões de litros/dia, aumentando em 20% o volume de captação atual. Também serão construídos 11 mil metros de rede.
Santa Bárbara d’Oeste possui três represas para o abastecimento público. Atualmente, a capacidade total de água bruta reservada nas três represas está em 85%, índice considerado dentro da normalidade para o período de estiagem, segundo a Prefeitura. Os reservatórios são monitorados diariamente e até o momento medidas de racionamento mais incisivas não são necessárias no município. Preventivamente, foram lançadas campanhas de conscientização para o uso racional da água.
O Serviço Autônomo de Águas e Esgotos (SAAE) de Indaiatuba informou que a cidade tem sete mananciais para abastecimento: Represa no Rio Capivari-Mirim, Córrego do Barnabé, Represas do Morungaba e do Cupini, Ribeirão Piraí, Córrego do Batatinha e Rio Jundiaí. A represa do Capivari-Mirim está com 78% da sua capacidade.
“Indaiatuba está sentindo o impacto desta severa estiagem como todas as cidades”
“Os investimentos realizados pelo município nos últimos anos, garantem a segurança hídrica e o abastecimento regular de Indaiatuba. Dentre esses investimentos, temos a barragem do Rio Capivari-Mirim, a ampliação em quase 100% na reserva de água tratada com a construção de reservatórios e a ampliação da estação de tratamento de água”, destacou o órgão. O Saae vem realizando durante o período de estiagem, campanhas de conscientização e uso racional da água.
Em Sumaré, a captação de água é feita por quatro mananciais, sendo o Atibaia o responsável pelo abastecimento de 70% da cidade. Esse principal manancial atualmente está com o nível em 1,65m, e o mínimo necessário para captação é 1,20m. Para os 30% restantes da cidade, o abastecimento ocorre pelos mananciais Horto I, Horto II e Marcelo. A represa Horto I opera com 75%, quando o mínimo necessário para captação é de 64%; já a represa do Marcelo, opera com 70%, quando o mínimo para captar é de 38%. As duas represas estão em estado de atenção. Já a represa Horto II está em estado crítico uma vez que opera com 69% da captação, quando o mínimo é de 62%.
De acordo com a BRK Ambiental, concessionária do serviço, existe um Plano de Contingência com ações que têm papel fundamental num possível agravamento da disponibilidade hídrica durante o ano. “São ações que vão desde a instalação de sondas analíticas para monitoramento da qualidade de água bruta, a instalação de novo filtro na Estação de Tratamento de Água I, reforço no programa de combate às perdas de água do, além do lançamento da nova campanha de comunicação ‘Jogando junto pela água’ para incentivo ao consumo consciente em Sumaré, que conta com o site www.jogandojuntopelaagua.com.br no qual a empresa disponibiliza informações atualizadas para a população acompanhar os volumes de chuvas e o nível dos mananciais”, informou.
Em Campinas, a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) tem reiterado que não há risco de desabastecimento na cidade ou de situações severas na oferta de água. Hortolândia informou que a captação da água que é tratada e distribuída no município é realizada pela Sabesp, no Rio Jaguari, na altura da cidade de Paulínia. Segundo o município, não há restrição de abastecimento na cidade.
Sistema Cantareira
O Sistema Cantareira operava com 40,7% de capacidade, de acordo com dados da última sexta-feira (6). Responsável por abastecer as regiões metropolitanas de São Paulo e de Campinas, o Cantareira é formado por cinco reservatórios (Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro), que estão conectados por túneis subterrâneos. O volume útil armazenado no Sistema Cantareira é de cerca de 400 milhões de metros cúbicos.
Desde o dia 15 de janeiro de 2021 o sistema Cantareira opera em estado de atenção, caracterizado quando o volume fica entre 40% e 59%, como atualmente, então a captação de água passa a ser de 31 metros cúbicos por segundo.
O sistema Cantareira teve uma queda de 6,2% do dia 1º de junho até 1º de agosto deste ano. Passou de 47,6% no dia 1º de junho para os 41,4% no dia 1º de agosto. A queda é reflexo das chuvas abaixo da média nos últimos meses na região do Cantareira. De acordo com o Climatempo, em julho choveu 29,6mm, isto é, 65,3% da sua média para o mês (45,3mm). O mês passado teve o maior acumulado de chuva para um mês de julho dos últimos dois anos, pois passou os 6,9mm de julho de 2020, mas ficou atrás dos 92,4mm de julho de 2019.
Ainda segundo o Climatempo, todos os meses deste ano tiveram chuva abaixo da média no Sistema Cantareira. Entre janeiro e julho de 2021 choveu um total de 617,5mm no Sistema Cantareira, sendo o menor volume de chuva na região desde 2018, quando acumulou no mesmo período 601,9mm. Esse foi o menor volume de chuva entre janeiro e julho dos últimos três anos.