Por Eduardo Gregori
Especial de Lisboa
O New York Times publicou uma reportagem no último dia 26 apontando para onde os norte-americanos podem viajar em um momento em que países andam em um descompasso frente à vacinação contra a Covid-19. Enquanto Israel já tem praticamente toda sua população vacinada e os Estados Unidos está em ritmo acelerado, outras nações enfrentam lentidão na entrega dos imunizantes, no gerenciamento do cronograma de vacinação e ainda outros, principalmente os mais menos desenvolvidos, vivem a realidade de não terem recursos para comprar medicamentos e contam apenas com a boa vontade das doações da Organização Mundial da Saúde.
A reportagem deixa transparecer a vontade dos norte-americanos de sair pelo mundo novamente, principalmente nos próximos meses quando chega o verão no Hemisfério Norte. Mas este não é um desejo apenas dos cidadãos da Terra do Tio Sam, mas também dos europeus, que passaram 2020 praticamente dentro de casa e seguem até o momento com muitas restrições, principalmente de mobilidade.
E quem vê este cenário de ansiedade com olhos ávidos é o setor de turismo que praticamente derreteu frente à pandemia. Aviões no chão, hotéis e atrações turísticas fechadas fizeram muitos estragos nas economias mundiais. Mas se norte-americanos e europeus estão pensando em voltar a visitar grandes cidades, há uma parte do mercado de turismo que aposta em 2021 como um ano de viagens para destinos afastados de tudo e de todos.
Desde meados de 2020, quando percebeu que a pandemia duraria mais tempo do que o esperado, o setor hoteleiro do norte de Portugal começou a investir e reestruturar hotéis. Se Lisboa e o Tejo aglomeram visitantes do mundo inteiro, a novidade para ir de encontro a quem procura distanciamento social está no Rio Douro.
Piscinas de borda infinita com vista para o rio, bangalôs afastados uns dos outros, experimentar como se produz vinho e claro, boa gastronomia são alguns dos atrativos deste novo turismo que escapa do caos das cidades.
Outro país que vem construindo este turismo pós-pandêmico é o Reino Unido. Enquanto Londres sempre foi o carro-chefe para órgãos de divulgação do país, agora o tom é outro. Recentemente o Visit Britain, órgão de promoção do Reino Unido, divulgou uma série de roteiros em lugares remotos. O órgão foi além, propondo rotas baseadas em séries de streaming que têm ou tiveram sets de gravação no interior britânico. A viagem dos sonhos aqui inclui se hospedar em um hotel de estilo vitoriano, tomar o chá das 5h recheado de pães, bolos e doces típicos e cavalgar pelos arredores como o fazem normalmente uma lady ou um lorde.
Mas não apenas na Europa o “turismo de distanciamento” está sendo construído. Na América do Sul um dos primeiros países a dar um passo nesta direção é a Argentina, que divulgou no início do ano alguns roteiros que tiram do foco cidades como Buenos Aires e Mendoza. Novas propostas jogam luz sobre o norte do país que tem uma forte história pré-colombiana e muito ligada à cultura indígena.
Vulcões, salares, montanhas de terras coloridas e muito espaço ao ar livre são alguns destes atrativos de cidades como Jujuy e San Fernando del Valle de Catamarca. Há ainda outros roteiros que propõem seguir a rota dos Jesuítas em Córdoba. Uma boa oportunidade para visitar igrejas que a ordem deixou por lá e também aproveitar o campo para andar de bicicleta, a pé ou a cavalo e simplesmente desfrutar da imensidão natural bem no coração da Argentina.
E quem deve aproveitar esta nova realidade também é o Chile que em seus dois extremos têm a natureza como principal atração. No sul a grandiosa Patagônia é dona de geleiras e parques nacionais com muito verde para explorar, como a reserva Torres Del Paine e ainda a rota da mítica Carretera Austral que rasga o sul do Chile em meio a uma esplendorosa natureza. No norte é o calor e a baixa-umidade que dão o tom no Deserto do Atacama. Hotéis-iglu no meio do nada já estão com as reservas esgotadas. Há também quem procure os resorts, que por lá tem uma outra visão de hospedagem, integrando o hóspede na natureza. Por fim o Chile tem ainda a sua remota Ilha de Páscoa, terra dos Moai. Se já era destino para quem procura isolamento do mundo, imagine neste momento.
E você, pretende viajar no pós-pandemia? Deixe aqui o teu comentário de onde planeja ir quando for seguro.
Eduardo Gregori é editor do blog de viagens www.euporai.com.br – [email protected]