Esporte mais popular dos Estados Unidos, pouco conhecido no Brasil até o início deste século, o futebol americano ganha a cada dia novos praticantes e fãs no nosso País. Neste domingo (13), a partir das 20h30 (horário de Brasília), acontece a 56ª edição do Super Bowl, um dos eventos esportivos mais famosos do mundo, que representa a final da National Football League (NFL), a principal liga da modalidade no planeta.
A decisão deste ano reúne o Los Angeles Rams, vencedor da Conferência Nacional, e o Cincinnati Bengals, vencedor da Conferência Americana, no SoFi Stadium, em Los Angeles, pela disputa da glória máxima de vencer o Super Bowl e conquistar o título da NFL.
Nos Estados Unidos, não restam dúvidas de que torcedores dos dois times vão lotar o palco do jogo para acompanhar de perto a grande final. Enquanto isso, em Campinas, o jovem Helder Reis, de 23 anos, estudante de Educação Física, estará ao lado da televisão para torcer pela conquista inédita do Cincinnati Bengals, sua equipe do coração desde quando começou a acompanhar a NFL.
“Eu tinha TV a cabo em casa, comecei a assistir aos canais ESPN e pensei em dar uma oportunidade ao futebol americano. Comecei a acompanhar, percebi relações com o futebol e me encantei pelo esporte na temporada regular da NFL em 2014”, revela o torcedor.
Com a paixão desenvolvida pelo futebol americano há quase 10 anos, Helder revela que conheceu um grupo de amigos por conta da modalidade. Virtualmente, os torcedores decidiram até criar páginas nas redes sociais para divulgar informações sobre times e partidas da temporada.
“Tenho muitos amigos que acompanham o futebol americano, inclusive temos o grupo It Us on SB, nação WhoDey. Também conheci uma turma on-line e criamos um canal nosso, já que somos apaixonados pelo esporte. Temos grupo no Telegram e uma página no Instagram (@ldpsports). Também tenho amigos na faculdade que são encantados pelo futebol americano”, ressalta.
O estudante de Educação Física comemora o crescimento da modalidade no Brasil e destaca as semelhanças que o esporte tem com o futebol, assim como a existência de equipes brasileiras. Ele também valoriza os campeonatos que existem no nosso País.
“Vejo esse crescimento muito em função da mídia que divulga a modalidade. Estamos nos aproximando e é um esporte que atrai o público. Nós, que somos brasileiros, vemos muitas relações com o futebol. Muitas pessoas tem praticado aqui no Brasil, mesmo que não seja profissionalmente, mas jogam na faculdade e também em outros lugares. Há clubes como o Guarani Indians e a Ponte Preta Gorilas em Campinas, além de já haver Campeonato Brasileiro. A tendência é que cresça cada vez mais”, projeta.
Apesar de adorar o futebol americano, Helder admite que nunca jogou profissionalmente. O estudante lembra que já chegou a entrar em campo com os amigos em algumas oportunidades e revela que sempre está de olho nos treinamentos da equipe do curso de Educação Física da Unicamp.
“Eu cheguei a jogar futebol americano umas cinco vezes na minha vida, mas nunca profissionalmente, foi mais por brincadeira. Lá na Unicamp tem um time e eles treinam toda semana. Não consigo treinar pois choca com os meus horários de aula. Sempre que passo por lá, dou uma olhada”, revela.
Time do coração
Acompanhando de perto a NFL desde 2014, Helder Reis é torcedor do Cincinnati Bengals, equipe do estado de Ohio, nos Estados Unidos, que é adversário do Los Angeles Rams no Super Bowl LVI, na noite de hoje. O estudante conta como surgiu a paixão pelo clube que está no seu coração, mas que nunca conquistou o título máximo da liga americana.
“Essa é uma história curiosa. O Bengals é um time que não tem muita torcida aqui no Brasil e nem mesmo nos Estados Unidos. Lá, a torcida deles é mais no estado de Ohio, onde é a sede da equipe. Essa paixão pelos Bengals surgiu quando minha mãe era secretária de uma clínica e um paciente deixou um boné lá. Passaram-se dois ou três meses, o paciente não foi buscar, e minha mãe trouxe o boné para casa. Na época, eu estava no início da adolescência” relembra Helder.
“Minha mãe trouxe o boné e eu vi que o logo era um B (símbolo do Bengals), mas na época eu ainda nem acompanhava futebol americano. Fui atrás da história do time e decidi que iria torcer para eles quando começasse a assistir NFL. Vi que não era um time tão grande, nunca havia vencido o Super Bowl, mas o amor apareceu. Comecei a acompanhar a NFL, a primeira temporada que vi mais de perto foi relativamente boa e comecei a me encantar. Na época, ainda tinham jogadores como o A.J. Green. Foi um amor à primeira vista, o time me cativou muito. Não me arrependo em nada do sofrimento que já passei e agora está sendo muito compensador. São oito temporadas acompanhando a equipe. Meus amigos até brincam que eu sou o único torcedor do Bengals na América do Sul”, completa, bem-humorado.
A primeira temporada que Helder acompanhou, como citado acima, foi a 2014/2015. O torcedor guarda com carinho os momentos que viveu na época, mesmo sem sequer chegar ao Super Bowl. Em relação ao atual momento dos Bengals, ele confessa que não esperava um crescimento tão rápido do time e valoriza atuações do quarterback (armador) Joe Burrow e o wide receiver (receptor) Ja’Marr Chase.
“Além dessa temporada, também destaco a temporada 2014/2015 que o Bengals fez uma campanha maravilhosa, jogou várias vezes, mas se não me engano, na penúltima semana da temporada, um dos principais jogadores do time machucou, o quarterback Andy Dalton, e acabamos perdendo um jogo no finalzinho de forma inacreditável”, lamenta.
“Não esperava esse crescimento tão imediato da equipe. Na temporada passada, sofremos com a lesão do Joe Burrow, não esperava que ele fosse se recuperar tão rápido. No começo dessa temporada, critiquei muito a escolha do Ja’Marr Chase no draft pois a linha ofensiva dos Bengals não protegia o Burrow e achei que não encaixaria bem o time. Quem torce para o Bengals, estava bem cético para essa temporada. Tínhamos críticas ao treinador, mas ele recebeu mais uma oportunidade para continuar, fez novamente um bom trabalho no draft e esse crescimento surpreendeu a todos. Ninguém esperava. Esperávamos uma campanha um pouco melhor que a temporada passada, mas vencer grandes partidas de playoffs, ninguém esperava, nem o torcedor mais otimista”, confessa.
“É uma grande alegria, sempre estou torcendo e acredito que depois dessa temporada os Bengals vão se tornar uma potência nos próximos anos. Desde quando acompanho, certamente as melhores temporadas foram a atual e a 2014/2015”, diz Helder
Em meio ao crescimento da equipe, Helder acredita, sim, que chegou o momento do Cincinnati Bengals acabar com o rótulo de nunca ter vencido o Super Bowl. Ele relembra com carinho a campanha do time até chegar à disputa do título, inclusive com virada épica sobre o Kansas City Chiefs, do craque Patrick Mahomes, fora de casa.
“Até comentei com meus amigos que não esperava chegar ao Super Bowl. Estou muito ansioso, pensando onde assistir o jogo. Estou torcendo muito e acredito que o time tem muito potencial, principalmente com o crescimento que teve nos playoffs, na virada sobre o Kansas City Chiefs. Agora, a gente vai pegar o Los Angeles Rams, que é um time muito bom ofensivamente, tem uma defesa melhor que a nossa, mas somos totalmente capazes de ganhar essa partida. Enorme expectativa e acredito muito no Joe Burrow, que tem um talento muito grande. Penso em um jogo lá e cá, muito disputado e com placar alto. Espero que a gente saia vencedor”, torce.
Na expectativa para a final que acontece a partir das 20h30 (horário de Brasília), com transmissão em português pela ESPN e pela RedeTV, Helder Reis afirma não ser supersticioso, mas conta com um amuleto indispensável que garante sorte nas partidas do Cincinnati Bengals.
“Eu não tenho superstição de local para assistir os jogos, às vezes até assisto pelo celular, mas gosto sempre de estar com a camisa do time, isso tem que estar presente. Quando não estou com a camisa, já fico receoso e pesa bastante para mim. Tenho uma camisa do A.J. Green, inclusive queria muito que ele estivesse nesse elenco, merecia demais jogar um Super Bowl”, lamenta.
“Tenho uma camisa de jogador e uma camisa mais casual. Eu costumo usar a de jogador, preta e laranja, para me sentir no estádio acompanhando o jogo. Até passo calor com ela, mas me sinto no estádio”, destaca.
Sonho de viajar aos Estados Unidos
Como qualquer torcedor fanático por uma equipe de futebol americano, Helder Reis sonha com a oportunidade de viajar aos Estados Unidos para comparecer ao estádio e assistir de perto uma partida do Cincinnati Bengals. O estudante revela que nunca viajou para outro país, mas confirma que está nos planos guardar uma quantia em dinheiro para ir até o estado de Ohio nos próximos anos.
“Eu nunca saí do Brasil, mas é um sonho que eu tenho, e não é de hoje, acompanhar um jogo dos Bengals. Tenho muita vontade de ir para conhecer a cultura da cidade e entender melhor como é esse sentimento de torcer para os Bengals. Quero juntar um dinheiro para daqui dois ou três anos passar por Cincinnati e ver um jogo dos Bengals. Mesmo se for da temporada regular, antes dos playoffs, já está ótimo se eu conseguir acompanhar. Será uma sensação única assistir de perto. Ver o jogo dentro do estádio é outra realidade. Tenho muita vontade”, finaliza.