A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que até o fim deste século haverá 500 milhões de falantes da língua portuguesa. O número pode mudar, uma vez que 280 milhões já se comunicam através do idioma em quatro continentes.
Neste 5 de maio é celebrado o Dia Mundial de Língua Portuguesa. Em 2022, o lema da comemoração é “Cultura, Língua, Economia, Ciência e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável”.
A mensagem do secretário-geral da ONU, António Guterres, para a data enfatiza a força e o crescimento da comunidade de falantes do português. Guterres reafirma que diante de desafios globais, deve haver solidariedade e cooperação entre países e povos. “É uma língua muito importante em termos culturais e desenvolvimento”, ressalta.
O líder das Nações Unidas elogia a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) pelas pontes criadas nesse sentido e destaca o bicentenário da independência do Brasil, um dos países fundadores da ONU.
Este ano, Nova York acolhe um evento virtual com o apoio da ONU onde discursa a subsecretária-geral das Nações Unidas para Comunicação Global. Na organização, o Dia da Língua será liderado por Angola, que ocupa a presidência rotativa da CPLP. A embaixadora do país, Maria de Jesus Ferreira, disse que o português tem sempre um espaço destacado na entidade.
“É o veículo principal que se usa para comunicar e desenvolver as relações entre as instituições, os governos e as comunidades. Independentemente de acordos e aquilo que tenha sido decidido pelos governos, os povos desta comunidade sempre se comunicam e continuam a comunicar-se usando este veículo: a língua portuguesa.”
Um dos momentos mais importantes dos festejos será em Paris, com a série de homenagens ao centenário de escritores lusófonos. São nomes como o angolano Agostinho Neto, o novelista brasileiro Lima Barreto, o moçambicano José Caveirinha e o português José Saramago.
Ao proclamar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, em 2019, a Unesco reconheceu o papel e a contribuição do idioma para a preservação e disseminação da civilização e da cultura humanas.
Cooperação
A língua é a mais falada do Hemisfério Sul, oficial em três organizações regionais incluindo a União Africana, e na Conferência Geral da Unesco.
O secretário executivo da CPLP, Zacarias da Costa, disse que a data ressalta a reafirmação e valorização internacional do português. “A língua portuguesa é a matriz identitária. O elemento de união entre os nove Estados-membros. Um meio através do qual os nossos países constroem em conjunto um espaço político, social, cultural e econômico em nome do bem-estar comum. É através do nosso idioma que os Estados-membros promovem entre si a amizade, a concertação político-diplomática e a cooperação em todos os domínios”.
Já João Ribeiro de Almeida, o presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, festeja o retorno da celebração após dois anos de pandemia.
“Com um cheiro já a normalidade, podemos ter público, vai decorrer no Museu do Teatro e da Dança. Neste dia vai haver também uma seção solene com a presença de altos responsáveis de Portugal e ao fim ao cabo de reafirmação da língua portuguesa enquanto grande língua global, enquanto ativo global que temos e que muitas vezes os próprios falantes da língua portuguesa não têm noção do quanto a língua portuguesa é importante como ativo global e como força que tem no mundo, tendo em conta que se fala em cinco continentes.”
Para o Camões e Portugal, a língua materna é também um ativo global. O secretário de Estado para os Negócios Estrangeiros e Cooperação do país, Francisco André, vê uma ocasião para se refletir na partilha dos laços, da história, da cultura e impulsionar o desenvolvimento na CPLP.
“É uma língua de criação de cultura. Nós não nos podemos esquecer que o português em que José Saramago escreveu, Chico Buarque canta, em que Cesária Évora cantou, em que continua a escrever Mia Couto e, ainda hoje, ouvimos entrar por nossas casas e para os nossos rádios, porque é a língua também que Matias Damásio canta, por exemplo. É uma língua muito importante em termos culturais e desenvolvimento. Não podemos esquecer que o português é a quinta língua mais falada do mundo.”
(Agência ONU News)