O professor Paulo Afonso Coelho, 77 anos, que saiu de cena nesta sexta-feira (30), foi o personagem central de um documentário que narrou e jogou luz sobre o trabalho do teatro universitário na PUC-Campinas. Falar de teatro na universidade campineira é falar de Paulo Afonso. E vice-versa. Essa história de cumplicidade longeva ganhou uma homenagem multimídia em 2017 da METABIOSE, um estúdio independente de arte, design e publicidade de Campinas.
O corpo do mestre das artes cênicas será sepultado no Cemitério Flamboyant, em Campinas, neste sábado (30), dia em que faria 78 anos. Ele morreu em decorrência de uma endocardite, uma inflamação que atinge a parede interna do coração. Por quase cinco décadas se dedicou à tarefa de preparar gerações de estudantes na PUC-Campinas.
Paulo Afonso oferecia a jovens ainda extasiados pela chegada à universidade ferramentas essenciais de comunicação. Era por meio dele que os alunos eram instigados a soltar a voz e mexer o corpo. O docente foi por mais de 40 anos o gatilho criativo do Departamento de Artes e Comunicação da PUC.
A produção da METABIOSE foi dirigida pelo designer e artista gráfico Diego Augusto.
“Tive a oportunidade de trabalhar com o Paulo Afonso por 13 anos. Inicialmente como integrante do grupo de teatro da PUC-Campinas. Depois, passei a trabalhar como operador de luz e som na universidade”, recorda Diego.
O designer lembra que o mestre foi essencial na sua formação profissional, a partir do contato mais regular. “Um dia eu estava no ponto de ônibus e ele me deu carona. Isso aconteceu outras vezes. Essas conversas de backstage eram riquíssimas. Eu, um jovem entusiasta, pude aprender bastante e entender mais sobre arte. Esses momentos contribuíram para minha formação pessoal e profissional”, explica.
Diego afirma que Paulo topou o convite do documentário. “Pôxa, não queria ser apenas eu esse privilegiado de ter acesso ao processo criativo dele. Por isso, propus a ideia. Ele topou. Muitas pessoas queriam essa oportunidade, mas ninguém tinha conseguido produzir um projeto bacana”, comemora o ex-aluno de Paulo Afonso.
A filmagem do documentário “Teatro Universitário – O caso PUC-Campinas” ocorreu durante a montagem do espetáculo teatral “O Relógio Encantado”.
“O impacto da partida ele está em todos nós. O teatro universitário da PUC-Campinas criou uma verdadeira família”, define o designer.
Veja o documentário
Diego ressalta que o documentário tenta realçar a amplitude do projeto na PUC à luz de seu grande líder. Mas não só pela figura de um docente. Mas por quem semeou extraordinárias relações artísticas e sólido relacionamento humano, além da excelência questão de ensino-aprendizagem.
Para Diego, o documentário lhe traz imensa satisfação, pois o propósito, segundo ele, era justamente “eternizar” os momentos daquele ambiente de grande profusão criativa. “Acho que conseguimos reviver. Fica a presença dele e o impacto dele em nossas vidas”, resume.
“Estou triste com a partida dele. Mas o professor vai se manter muito vivo. Ele foi como a figura de um pai. Aprendi muito com o Paulo Afonso”, finaliza Diego Augusto.
Além do documentário, Diego presenteou Paulo com uma caricatura, uma produção minuciosa que reproduz seu rosto marcante. Veja no vídeo abaixo:
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