O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) compareceu nesta quinta-feira (5) em Campinas para dar uma aula magna na Unicamp. O evento foi organizado por movimentos estudantis e de docentes da universidade. O encontro estava marcado para às 16h, mas ele só chegou pouco antes das 20h. Apesar da ansiedade e da reclamação de algumas pessoas, Lula foi recebido com muita música e clima de festa. Em mais de uma hora de discurso, exaltou feitos dos governos petistas, defendeu a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e falou em reconstruir o país.
Durante as quatro horas de espera, artistas solos e bandas locais se revezavam no palco, entre discursos de vereadores de Campinas e de deputados de partidos de esquerda. Todos criticaram o governo do presidente Jair Bolsonaro, apontaram retrocessos e pregaram a união da esquerda para eleger Lula novamente e também uma bancada representativa no Congresso Nacional. Houve críticas à escolha do nome do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) para vice na chapa de Lula.
Entre os que discursaram estavam a deputada estadual Isa Penna (PCdoB), o deputado federal Orlando Silva (PCdoB), Marcela Moreira, presidente do PSOL de Campinas, o vereador Paulo Bufalo (PSOL), o vereador Gustavo Petta (PCdoB), a vereadora Guida Calixto (PT), O vereador Cecílio Santos (PT), a vereadora Paolla Miguel (PT), e o ex-vereador Pedro Tourinho (PT).
Representantes da Comunidade Indígena, do Movimento Negro, e do Movimento LGBTQIA+ da Unicamp também discursaram contra Bolsonaro e agradeceram a Lula “pelos avanços e inclusão” durante os governos petistas.
Lula disse que não daria aula porque não é professor, mas que contaria sobre sua experiência de vida. Ele começou seu discurso falando sobre a situação atual do país.
“Eu não imaginava que depois de ter deixado a Presidência da República em 2010, nós fossemos estar, no ano em que o Brasil completa 200 anos de Independência, pior do que a gente estava em 2003, quando eu assumi. O que aconteceu no Brasil é a demonstração de que destruir sempre é mais fácil do que construir. Tentar criar políticas públicas que beneficiem o conjunto da sociedade é uma luta eterna, mas acabar com elas, é um decreto”, disse.
O ex-presidente e agora pré-candidato exaltou a importância da educação para a construção de um país desenvolvido.
“É o investimento mais barato que um país pode fazer. Custa muito menos investir na educação do que emprestar dinheiro para grandes empresas, que muitas vezes, a quantidade de emprego que gera não justifica a quantidade de dinheiro que recebeu”, afirmou.
“Tenho muito orgulho de um torneiro mecânico, sem diploma universitário, é o presidente que mais criou universidades na história desse país. Junto com a companheira Dilma Rousseff fizemos a maior quantidade de escolas técnicas que esse país já conheceu. Tenho orgulho de dizer que uma companheira como a Dilma Rousseff , ex-presa política que quase morre na cadeia, eleita presidente da República criou o Ciências Sem Fronteiras e colocou os brasileiros para estudar no exterior. Foi no governo dessa mulher que se criou o Pronatec, que colocou quase 9 milhões de meninos e meninas para estudar uma profissão”, disse exaltando o investimento na educação durante os governos petistas.
Lula ainda lembrou as políticas implantadas para que mais pessoas pudessem acessar o ensino superior, como FIES e Prouni.
“A gente deu um jeito que corrigir uma distorção muito grande que existia. Os pobres estudavam até o segundo grau na escola pública enquanto os outros estudavam em escola particular. Depois os pobres pagavam impostos para os das escolas particulares cursarem universidade pública e o pobre tinha de se virar para tentar pagar uma particular”, discursou.
O pré-candidato fez um balanço dos governos petistas, como transposição do Rio São Francisco, investimento em cisternas, educação, e fortalecimento dos países da América do Sul e alianças com bilaterais, inclusive com países africanos, o que, segundo ele, mudou a realidade geopolítica do Brasil.
Apesar do entusiasmo e confiança, ele disse que a eleição não está ganha e que é preciso dialogar e eleger uma grande bancada de esquerda. Prometeu, em caso de vitória, fazer um governo inclusivo ouvindo todos os setores, além da comunidade negra, LGBTQIA+, deficientes, entre outros.
“Caso a gente ganhe, vamos reconstruir esse país. Eu quero resolver o problema do emprego, o problema da miséria. Eu quero voltar para fazer mais e melhor”, disse.
No final do discurso, Lula brincou dizendo que algumas pessoas dizem que ele está com raiva, o que foi prontamente negado.
“Quem está com raiva é quem mandou me prender porque sabe que mentiu. Estão com raiva porque saí na capa da revista Time. Imagine que um homem que está com raiva vai casar nesse mês com essa mulher”, disse puxando a namorada, a sociológa Rosângela da Silva, a Janja, para o palco. Eu estou é apaixonado”, concluiu arrancando gritos e aplausos.
Acompanharam Lula, o ex-ministro Aluizio Mercadante (PT), Guilherme Boulos (PSOL), o pré-candidato ao Governo do Estado, Fernando Haddad (PT), o deputado federal Arlindo Chinaglia (PT), Wanderley de Almeida (PSB), vice-prefeito de Campinas, o vereador de São Paulo Eduardo Suplicy (PT), entre outros.
Protesto
Antes de chegar a Unicamp, manifestantes protestaram em frente ao condomínio onde mora o físico Rogério Cézar Cerqueira Leite e onde Lula parou para almoçar, em Campinas. Um grupo de apoiadores do presidente Bolsonaro xingou o ex-presidente, gritando palavras como “ladrão” e a favor do atual presidente. Na rua havia uma faixa com a frase “Lula lixo”.
Antes de discursar no teatro de arena, o ex-presidente foi recebido pela reitoria da universidade, que lhe entregou uma “Carta pela Ciência e Educação”. A agenda de Lula pela região começou pela manhã, em Sumaré.
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