O Hospital de Clínicas da Unicamp organizou uma série de atividades de conscientização e esclarecimentos para marcar o Dia Nacional do Doador de Órgãos e Tecidos – comemorado dia 27 de setembro. Entre janeiro e junho deste ano, 1.863 pessoas morreram à espera de um órgão, e, hoje, aproximadamente 78 mil pacientes estão na fila para um transplante no Brasil. De acordo com o HC da Unicamp, 45% das famílias não autorizam a retirada de órgãos.
O HC da Unicamp é o hospital que mais faz transplante de fígado, de rins e de outros órgãos do interior de São Paulo.
Pela legislação, a doação de órgãos de um paciente com diagnóstico de morte encefálica só pode ser feita com a autorização de familiares. Por conta disso, o hospital promoverá uma série de atividades de conscientização, esclarecimento e convencimento sobre a importância da doação. O início da jornada especial foi na última quinta-feira (18).

Existe dentro do hospital da Unicamp um setor responsável por coordenar a captação de órgãos e tecidos. Chamado de Organização de Procura de Órgãos (OPO), o serviço atende 127 cidades da região e atua desde a identificação de um potencial doador até a logística para o transporte dos órgãos. Essa equipe também é responsável por fazer o contato com as famílias.
Coordenador da OPO, o médico Helder Lessa Zambelli avalia ser necessária uma campanha permanente de esclarecimento e convencimento.
“Precisamos fazer chegar a informação às escolas, para que os estudantes entendam sobre protocolos, sejam informados de maneira correta sobre procedimentos e tenham a dimensão da importância da doação”, diz o médico, que acredita que o assunto precisa ser discutido entre as famílias.
“As famílias precisam autorizar. Sem isso, nada acontece. Mas é preciso deixar claro que a família é o centro de tudo e, por isso, queremos agradecer imensamente aos familiares que doaram”, afirmou.
O Hospital de Clínicas também abriga um Banco Multitecidos, que armazena tecidos musculoesqueléticos, como cartilagens e ossos, que podem ser doados após a morte ou ainda em vida. Diferentemente de órgãos como o coração, que, quando doado, salva uma vida, um mesmo tecido pode beneficiar até 30 pessoas, segundo informação do Banco.
Constantino lembra que o número de doadores ainda é muito baixo e que a demanda por transplante de tecidos é cinco vezes maior que a oferta de doadores. “Se a captação de órgãos já é pequena, a de tecidos é menor ainda, porque enfrentamos um forte preconceito”, diz ele.
“A pessoa acha que, se doar os ossos, o familiar falecido vai ficar sem um braço, sem uma perna, ou, de alguma forma, deformado. Mas isso não é verdade. Quando captamos um osso, fazemos a substituição por uma órtese e é feita a reconstrução do membro”, elucida.
“É emocionante ver tanta gente envolvida nesse processo, desde o pessoal que faz a captação, passando pelo motorista da ambulância, até os técnicos e médicos que trabalham exclusivamente para levar o melhor serviço ao paciente”, disse a superintendente do HC, Elaine Ataíde. (Com informações da Unicamp)