A inclusão social e a divulgação da história e cultura de matriz africana e indígena através de brinquedos e brincadeiras. Uma escola pública de Campinas está utilizando recursos pedagógicos e lúdicos de forma inovadora, através de um projeto apoiado pelo Instituto Arcor Brasil.
A iniciativa transversal também contempla a educação ambiental e o uso de ferramentas tecnológicas para incrementar o processo de ensino e aprendizagem.
O Projeto Ludens está envolvendo os 250 alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Geny Rodriguez, localizada na avenida das Amoreiras, bairro São Bernardo. As famílias dos alunos foram igualmente envolvidas, principalmente no período em que a escola estava funcionando no formato híbrido.
O projeto resulta do curso “Educação Física: Práticas significativas e tecnológicas para o professor do futuro”, oferecido em 2021 pelo Instituto Arcor Brasil a professores de educação física de todo o país por meio de seu portal educativo (www.institutoarcor.org.br), sob a tutoria do prof. Jefferson Caetano.
Aos alunos aprovados no curso, foi oferecida pelo Instituto Arcor a oportunidade de participar de um Concurso de Projetos, com o objetivo de ampliar a oferta de atividades na disciplina de educação física, alinhada aos conteúdos aprendidos durante o treinamento.
Ao todo, foram selecionados nove projetos nas cidades de Campinas, Capivari, Rafard, Sumaré e Bragança Paulista, no estado de São Paulo, e em Canoas (RS).
Jogos múltiplos, para múltiplos objetivos – Desenvolvimento do raciocínio lógico e de habilidades socioemocionais, incentivo à cooperação e ao respeito mútuo, incremento da educação ambiental e do estudo da história e da cultura de matriz africana e indígena, fundamentais na estruturação da sociedade brasileira.
São múltiplos os objetivos do Projeto Ludens, que vêm sendo alcançados por meio do oferecimento de diferentes brinquedos e brincadeiras aos alunos da EMEF Professora Geny Rodriguez.
“Misturamos jogos clássicos com vários não-tradicionais, que os alunos não conheciam e estão adorando”, comenta a professora de Educação Física Priscila Cristine Ribeiro, coordenadora do projeto.
“Os alunos estavam ansiosos pelas atividades presenciais e voltaram com muito desejo de brincar depois do confinamento imposto pela pandemia, então o projeto acontece na hora certa”, ela completa.
A professora nota que a escola contava com alguns jogos e brinquedos, mas muitos deles foram adquiridos com os recursos destinados pelo Instituto Arcor Brasil. “Desde o início pensamos em jogos físicos e virtuais, pois ainda havia as atividades à distância”, lembra a educadora.
Entre os jogos tradicionais estão no cardápio do projeto os de tabuleiro, como damas, xadrez, dominó, memória ou trilha. Também no âmbito das brincadeiras clássicas estão o jogo de amarelinha e o “pular corda”, aplicados principalmente nos intervalos.
Como estratégia de diversificação da experiência, conta a professora Priscila, alguns jogos tradicionais passaram a ser praticados em “tamanho gigante”, com o uso de peças montadas pelos próprios alunos a partir da reciclagem de materiais.
Caso do jogo da velha, praticado em um tabuleiro pintado na quadra da escola. “Com isso os alunos usam o próprio corpo, são estimulados a se movimentar, além do desenvolvimento cognitivo”, ela explica.
Jogos inovadores
Atenção especial entre os alunos foi despertada pela apresentação, no contexto do Projeto Ludens, de jogos não-tradicionais, como os de matriz africana e indígena.
Dessa forma o projeto também atende aos princípios da Lei 10.639, de 2003, complementada pela Lei 11.645, de 2008, estipulando a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas do país.
As dez turmas da escola puderam escolher entre algumas opções para trabalhar especificamente com alguns brinquedos. Dessa forma foi possível aprofundar a discussão e o conhecimento sobre brinquedos e brincadeiras que fazem parte da cultura universal e que podem ser perdidos no cenário da sociedade com alto uso de tecnologias.
Entretanto, o Projeto Ludens também abrange jogos tecnológicos, praticados em diferentes plataformas.
A professora Priscila observa que alguns desses jogos podem ser praticados pela internet ou na lousa digital que todas as escolas municipais de Campinas passaram a ter, em função das exigências do ensino remoto imposto pela pandemia.
Do mesmo modo, os alunos receberam tablets da Prefeitura no final de 2021, o que também contribuiu para a prática dos jogos on-line.
O multifacetado menu oferecido pelo Projeto Ludens é completado pelos brinquedos e brincadeiras pensados para a inclusão dos alunos com deficiência. Nesta vertente foram adquiridas de uma parceira do projeto bonequinhas inclusivas, personalizadas, confeccionadas de acordo com o perfil do aluno ou aluna.
O envolvimento dos familiares dos alunos em muitos brinquedos e brincadeiras é ressaltado pela professora Priscila Cristine Ribeiro. Ela destaca que o Projeto Ludens também extrapolou os muros da escola, pela repercussão que alcançou em diferentes espaços de reflexão sobre práticas pedagógicas.
Ela informa que participou, ao lado da professora Danyelen Pereira Lima, parceira do projeto na escola, de um congresso virtual. As duas educadoras também terão um artigo sobre o Projeto Ludens publicado em livro a ser lançado em breve, com experiências pedagógicas inovadoras e transformadoras.
Mais informações:
Instituto Arcor Brasil – www.institutoarcor.org.br