Os países da União Europeia (UE) deram nesta terça-feira (22) o aval final à lista de sanções da Europa à Rússia, após o reconhecimento russo de territórios separatistas no leste ucraniano. Também nesta terça, o Presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou um conjunto de sanções econômicas a indivíduos, entidades e bancos russos. Num discurso na Casa Branca, sem direito a perguntas, Biden alertou que a Rússia “irá pagar um preço ainda mais alto se continuar com as agressões” a Kiev.
O chefe da diplomacia da União Europeia anunciou a aprovação, por unanimidade entre os 27 Estados-membros, de um pacote de sanções à Rússia, visando “atingir, e muito” as autoridades russas. “Devido a esta situação, hoje, os países europeus deram uma resposta rápida […] e chegaram a um acordo unânime entre os 27 Estados-membros para adotar um pacote de sanções que apresentei ao Conselho após longas horas de negociações”, anunciou Josep Borrell.
Falando em conferência de imprensa em Paris, após uma reunião informal convocada de urgência dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União, Borrell reforçou que “este é um momento particularmente perigoso para a Europa”.
Em concreto, as sanções aprovadas abrangem 27 indivíduos e entidades dos setores político, militar, empresarial e de mídia, além de cerca de 350 membros da câmara baixa do parlamento russo (Duma).
Nas questões financeiras, preveem-se restrições às relações econômicas da UE com as duas regiões separatistas, de Donetsk e Lugansk, bem como limites à capacidade de o Estado russo aceder aos mercados de capitais e financeiros da UE, especificou Josep Borrell.
Entretanto, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já veio saudar o pacote de sanções contra a Rússia adotado pelos 27, prometendo que a UE vai “tornar tão difícil quanto possível para o Kremlin a prossecução das suas políticas agressivas”.
Numa declaração em Bruxelas, Ursula von der Leyen advertiu que “se a Rússia continuar a agravar esta crise que criou”, a UE está pronta a tomar rapidamente “novas medidas em resposta”.
A posição da UE surge após o presidente russo, Vladimir Putin, ter assinado, na segunda-feira à noite, um decreto que reconhece as autoproclamadas repúblicas de Lugansk e de Donetsk, no Donbass (leste da Ucrânia), e de ter ordenado a mobilização do exército russo para “manutenção da paz” nestes territórios separatistas pró-russos.
A decisão de Putin foi condenada pelos países ocidentais, que temiam há meses que a Rússia invadisse novamente a Ucrânia, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.
Em 2014, a Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia, depois da queda do Governo pró-russo em Kiev, e elaborou um referendo sobre o regresso do território à Federação Russa. Desde então, Kiev está em conflito com separatistas pró-russos no leste do país.