Cantar era legal, mas foi a ideia de viajar para outro estado com a equipe do coral que primeiro lhe interessou. Imagine ‘cair no mundo” aos 15 anos sendo artista? Pietra Ribeiro não imaginou que, ao se inscrever no projeto Canarinhos da Terra, por indicação de uma prima – hoje cantora de rock em São Paulo –, sua vida seria transformada para sempre.
Hoje, aos 19 anos, a experiência levou a menina que sonhava ser engenheira de alimentos à uma orgulhosa aluna de licenciatura e canto popular no curso de Música da Unicamp. Pietra, por sinal, está no Rio de janeiro onde participa neste sábado (29) às 13h30, de uma mesa redonda do 3º festival Música que Transforma, realizado pelo Ministério da Cultura e a Petrobras. Ela é a primeira convidada do evento, nas três edições, não oriunda de um projeto da Sinfônica da Petrobras.
Os anos de ensaio com a equipe do Canarinhos da terra, que é uma escola de canto coral e teatro, formada e mantida com apoio financeiro da Petrobras, com um time invejável de profissionais ligados à música, não foram fáceis. A primeira dificuldade não foi, como se esperava, vencer a timidez (que ela ainda mantém), mas sim tornar viável a locomoção, duas vezes na semana, de Sumaré, onde mora a família, até a Casa do Lago, na Unicamp, onde as aulas acontecem.
Pietra desistiu algumas vezes, porque os pais não tinham como levá-la, mas retornava sempre, após muito choro em casa. “Eu implorava para voltar e meus pais sempre davam um jeito. Sou muito agradecida por tudo o que eles fizeram e ainda fazem por mim”.
A garota planeja, no futuro, ser uma das professoras do Canarinhos da Terra. “Entrei em 2017 no Canarinhos e só sai agora, recentemente, porque está difícil conciliar com os estudos. Eu vejo que, fora todas as melhoras técnicas, de respiração, ouvido harmônico, colocação de voz, interpretação, que aprendi, ao longo dos anos, fui melhorando minha relação com as pessoas, com o mundo e principalmente comigo mesma, como artista.”
Trajetória de 20 anos
Em 2023, o Canarinhos da Terra, por completar 20 anos de existência, tem uma programação voltada a sua trajetória. E resgatar a passagem de alunos que, como Pietra, seguem na música é parte delas. Pietra está na agenda, mas ainda sem data definida, para uma mesa redonda em Campinas.
“Nós, a equipe do projeto, temos muito orgulho do trabalho que desenvolvemos aqui nesses anos todos”, destaca o coordenador e diretor executivo, Luiz Pedro Simoni.
Fundado em 1996, como coral, o Canarinhos da Terra transformou-se em projeto social em 2003, quando foi firmada a parceria com a Unicamp, mantida até hoje, através da Pro Reitoria de Extensão e Cultura.
Desde então, crianças e adolescentes entre 7 e 18 anos, nas cidades de Campinas, Paulínia e Jundiaí, participam gratuitamente das atividades socioculturais com foco na arte, dramaturgia e canto coral.
No espaço cultural Caso do Lago, da Unicamp, ocorrem as aulas e ensaios para espetáculos do programa Escola Coral, composto por quatro grupos de aprendizado e performance, desenvolvendo aprendizado sequencial. Novas inscrições são abertas a cada semestre e toda formação é gratuita.
Já o programa Música e Cultura na Escola ocorre em cinco escolas parceiras e ensaios são realizados nos locais.
O projeto, que foi selecionado pela Unesco para o Projeto Criança Esperança e recebeu este apoio durante o ano de 2018, conta atualmente com número recorde de inscritos: 1441, sendo 109 deles com aulas na Unicamp, é 1332 nas escolas.
Atualmente são integrantes da equipe de professores e de coordenadores: Vastí Atique, Marcelo Peroni, Vladimir Camargo, Leandro Cavini, Jéssica Vieira, Tiago Roscani, Júlia Toledo, Clóvis Português, Marjorie Mariano e Sérgio Cardonha.
O projeto tem o apoio da Petrobras, Fundo da Criança e do Adolescente de Campinas e do ProAc Editais do Governo doestado de São Paulo.
Mais informações: https://www.canarinhos.org.br/projeto