O corpo do homem encontrado nesta quinta-feira (25) à tarde à beira do Rio Atibaia, em Campinas, é mesmo de Domingos Forchezatto, de 68 anos, líder espiritual de umbanda suspeito de assédio sexual. Ele estava desaparecido desde o dia 29 de julho. A família reconheceu o corpo, segundo informou o advogado de Domingos, José Pedro Said Jr., ao Hora Campinas.
O advogado teve a confirmação do reconhecimento dos familiares pelas autoridades policiais e afirmou que aguarda a conclusão da necrópsia pelo Instituto Médico Legal, para onde o corpo foi levado. “Agora será determinada a causa da morte e realizada a comparação de arcada dentária, que confirmará a identidade. Esse processo pode levar umas duas semanas. Os familiares, porém, já fizeram a identificação positiva com base nas roupas”, explicou.
Assim que saírem os laudos, e ao se confirmar a morte do ex-líder do terreiro Pai Tajubim, o inquérito de assédio e abuso moral contra Domingos deverá ser extinto. “Quando o suspeito morre no curso do processo, ocorre a extinção da punibilidade pela morte do agente”, esclarece a advogada das vítimas, Helena Otoni de Souza.
De acordo com os Bombeiros de Campinas, o corpo foi localizado por populares, enroscado a galhos, na região do Bairro Village, em Barão Geraldo, próximo de onde Domingos teria desaparecido, na tarde de quinta.
A mulher de Domingos foi chamada pelos policiais para comparecer ao local ainda na quinta-feira. O caseiro do sítio onde ele estava quando desapareceu também fez reconhecimento positivo no local, a partir das roupas que ele usava no dia do desaparecimento (calça jeans, camiseta preta e sapatênis).
Não se sabe como e por que Domingos entrou no rio. A tese de suicídio é cogitada pelos investigadores. Mas não há certeza nem provas disso ou de eventual assassinato.
A acusação
Domingos Forchezatto é suspeito de assediar e abusar sexualmente de ao menos cinco mulheres em Campinas. Ele teve o pedido de prisão preventiva decretado. As investigações do caso, que estavam a cardo da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), já foram finalizadas e o inquérito policial foi relatado ao Ministério Público.
DDM investiga acusação de assédio e violência sexual contra líder religioso
Sumiço
O desaparecimento de Domingos Forchezatto foi informado por amigos e familiares por meio de um Boletim de Ocorrência de desaparecimento registrado no dia 29 de julho. As circunstâncias do desaparecimento envolviam o trabalho espiritual que Domingos realizava numa região de mata no Vale das Garças, distrito de Barão Geraldo, entre a noite do dia 28 e a madrugada do dia 29.
Segundo relato de testemunhas no BO, Domingos estava acompanhado, mas pediu privacidade para realizar o “trabalho” à beira do Rio Atibaia. Como demorou a voltar, as pessoas que estavam com ele fizeram buscas pela área e não o encontraram. Contaram depois à polícia ter encontrado alguns objetos pessoais do babalaô perto do rio.
A Delegacia de Homicídios assumiu o caso, que inicialmente era de pessoa desaparecida. Bombeiros realizaram buscas na região onde Domingos foi visto pela última vez, por dois dias, mas não encontraram sinais dele. Há pouco mais de uma semana, a Justiça deferiu o pedido de prisão preventiva de Domingos Forchezatto.
O caso
As denúncias de assédio e violência sexual contra o diretor espiritual afastado da Associação Espiritual de Umbanda Pai Tajubim (AEUPT) foram apresentadas à Justiça inicialmente por quatro vítimas, no final de junho, e se tornaram públicas em 14 de julho. No mesmo dia, a DDM abriu inquérito.
Domingos, conhecido como Pai Tambaú, foi afastado de suas funções do terreiro em 29 de junho. Dia 17 de julho, o terreiro suspendeu os atendimentos ao público, que agora têm previsão de serem retomadas no próximo dia 31 (quarta-feira).
Corpo achado no Atibaia pode ser de líder de umbanda suspeito de assédio