Muito já se falou sobre os quatro jovens cabeludos de Liverpool que revolucionaram o mundo. O tema, no entanto, é inesgotável. Está cada vez mais presente em debates, estudos, teses e amostras. Uma prova de que quando o assunto são os Beatles, se pisa no campo da atemporalidade.
E para reforçar a importância da banda inglesa na influência da cultura pop, Campinas está no circuito. A Biblioteca Pública Municipal Prof. Ernesto Manuel Zink apresenta, neste sábado (6), a abertura da Exposição “The Beatles em HQs e outros baratos afins” (Veja programação abaixo)
O evento mostrará, por exemplo, de que forma Paul, John, George e Ringo são retratados em vários gibis, como Asterix, Batman, Mafalda, Turma da Mônica, Mickey, entre outros. E também abordará outros temas ligados ao
quarteto, que deixou de existir há 52 anos, mas que segue vivo no imaginário das gerações emergentes a partir dos anos 60.
Gilberto Vieira de Almeida, o Giba, proprietário do Sebo Casarão e colecionador de vinis, é um dos convidados da Exposição para um bate-papo exclusivamente sobre o legado musical da banda. Ele tinha entre 18 e 20 anos quando os primeiros acordes dos Beatles começaram a soar por aqui no início dos anos de 1960. E conta como foi o impacto nas primeiras audições.
“Sempre andava com meu vizinho e amigo Rubinho e ficamos surpresos, pois foi a primeira vez que ouvimos uma banda tocar e cantar ao mesmo tempo”, lembra o empresário, que hoje tem 77 anos. “A música americana estava perdendo a qualidade e os ingleses, liderados pelos Beatles, trouxeram um novo som”, lembra ele.
Giba participou da efervescência cultural da cidade de São Paulo gerada a partir da explosão do quarteto de Liverpool. “Morávamos no bairro de Perdizes e respirávamos rock. Ali, no nosso meio, nasceram bandas como Os Mutantes e Made in Brazil. Meu amigo Rubinho foi baterista do Erasmo Carlos e havia outras bandas menores, como a minha, que se chamava Os Irmãos Metralha”, lembra.
“As pessoas andavam pelas ruas com seus amplificadores e guitarras, os caminhões e carros passavam com instrumentos, levando músicos para tocar em algum lugar”, conta. “E sempre trocávamos ideia, pois uma banda ou outra frequentemente precisava de um guitarrista ou baterista para uma apresentação”, ressalta Giba.
Giba lembra que o primeiro disco dos Beatles que comprou, ainda nos anos 60, foi o intitulado “Beatlemania”.
“Era uma mistura do primeiro disco deles, o “Please Please Me”, com o segundo, o “With the Beatles”. Hoje, a discografia completa da banda em versões relançadas em vinis pelo selo Parlophone fazem parte do acerco pessoal de 1.000 LPs do colecionador. “Para mim, colocar um disco para ouvir em casa é tão sagrado como ir à igreja”, diz
No Sebo Casarão, há registros raros referentes à história do quarteto, como uma versão de um álbum do The Quarrymen, a banda formada por Paul McCartney, John Lennon e George Harrison em 1960 ainda antes da
existência dos Beatles. O baixista era Stuart Stucliffe, cuja namorada, conta Giba, foi a criadora do corte de cabelo com franjinha que viria a se tornar marca registrada dos então futuros astros.
Outro registro raro é um LP com a presença de Pete Best, o primeiro baterista dos Beatles, antes da entrada de Ringo Star. “Sua saída aconteceu, pois ele era o preferido das meninas e isso gerava ciúme nos demais integrantes”, explica o colecionador.
E as histórias sobre os Beatles prosseguem neste sábado (6), na Biblioteca Municipal, a partir das 14h. A entrada é gratuita.
Serviço
O que é: “The Beatles em HQs e outros baratos afins”
Quando: Sábado, 6/8, a partir das 14h
Programação: Feira de colecionáveis, roda de conversa e apresentação da banda Irmãos McCoy
Convidados: Eduardo Brocchi (professor da PUC-RJ), Giba (colecionador), Bira Dantas (cartunista), João Bührer (colecionador) e Delfin (jornalista)