Nesta semana, por diversas vezes, me deparei com o compartilhamento de um post no Instagram da Revista Trip sob o título “Amar seu trabalho é uma armadilha capitalista”.
Uma afirmação pesada, real e com uma carga histórica que vendo sendo escrita desde o século XV, quando o sistema capitalista começou a dar seus primeiros sinais de existência.
Reflexões à parte, o que me chamou mais a atenção foram as opiniões das pessoas sobre o assunto. Quase todos concordavam, assim como eu, que existe um problema sério na ideia de que é preciso amar o trabalho para ser feliz.
Esta relação anda tão complicada que a Forbes, principal revista de economia e finanças do mundo, publicou um artigo recentemente que fala sobre a “grande demissão”, um fenômeno americano que está sendo considerado como uma “revolução dos trabalhadores” ou “um levante contra chefes ruins e empresas surdas aos seus funcionários, que se recusam a pagar bem e tiram vantagens deles”.
Diante deste movimento, que vem ganhando cada vez mais adeptos, é possível argumentar que o caminho para uma relação saudável com o trabalho passa menos por amor e mais por dignidade. Ou seja, melhores condições de trabalho, melhores benefícios e, claro, mais flexibilidade.
Segundo a professora de sociologia, Erin Cech, autora do livro “The Trouble With Passion”, colocar o emprego como principal fonte de felicidade é um erro. Já que em nossa sociedade, o trabalho não foi projeto para autorrealização, mas sim para gerar lucro a uma organização. Seja ela qual for.
Por isso, Erin complementa, a questão mais pertinente sobre esta situação não reside em como mudar de carreira para fazer o trabalho que adoramos, mas sim o que fazer para que, além do trabalho, tenhamos energia para as coisas e pessoas que realmente nos trazem alegria.
Trocando em miúdos, o caminho não é amar o trabalho par ser feliz, mas sim lutar por trabalhos dignos, que nos permitam encontrar felicidade em outros espaços. Não custa tentar!
Flávio Benetti é professor, palestrante, publicitário e especialista em Comunicação interna e endomarketing. Considera-se um cara apaixonado pela vida, curioso por natureza, fã de tecnologia, design e fotografia