O Conexão WASH estreia nesta sexta-feira (12), no canal do Youtube do Programa WASH, uma entrevista especial dedicado ao Games for Change Festival Latin América, evento que tem como foco estimular a criação de jogos que contribuam para a educação, desenvolvimento social, diversidade cultural e inovação nas diferentes áreas do conhecimento. O físico Wil Namen, do Movimento Nós Somos a Ciência, conversa com o professor Gilson Schwartz, coordenador do Festival e professor do Departamento de Cinema, Rádio e TV da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP); e com Priscilla Fenics, rapper, MC, pesquisadora e mestranda na USP, e que fará o show de encerramento do G4C, no dia 14 de novembro.
O professor explica que sua atração pela tecnologia vem desde a infância e só aumentou ao longo do tempo. Tanto que na universidade orientou seu trabalho para essa área. Ele destaca a força da indústria dos games no mercado.
“Os games hoje têm um faturamento maior que a indústria do cinema e da música juntas. O Festival quer impulsionar os talentos desse mercado incentivando o engajamento em causas entre especialistas em game design, animação, áudio, gestão empreendedora, roteiro, entre outras áreas técnicas”, afirma.
Schwartz conta que descobriu o Festival Games for Change em 2010 e trouxe esse movimento para o Brasil, com a proposta de promover essa transformação, para que as pessoas se conscientizem de que o games, como o cinema e a música, é um mercado concentrado em função do lucro, por isso corre o risco de perder os valores da arte.
Pri Fenics reforça que o game está dentro do universo da produção criativa. “Como as outras artes tem o fator entretenimento, mas também é um espaço para transmitir narrativas, reproduzir o que está no universo dos criadores”, coloca. “O festival propõe discutir e dar visibilidade a diversidade.”
Sobre o acesso à tecnologia, Schwartz diz que “a situação no Brasil é dramática”. “A conexão é muito alta, mas a qualidade é baixa”, afirma e cita a porcentagem restrita de quem dispõe de banda larga no país (16%), têm computador em casa, celular pós pago etc, ferramentas fundamentais para facilitar o acesso. Segundo ele, o Brasil arrecada recursos para inclusão digital, mas esses são usados no pagamento de contas públicas. “O Brasil não investiu em inclusão digital, e a conexão à rede é um direito de todos, gratuitamente”, destaca. Para o professor, a internet cria uma “ilusão” de inclusão.
Schwartz diz que estruturalmente há um sistema de exclusão, pelo racismo, pela concentração de renda, acesso a serviços públicos. Para ele, na cultura digital há um enfrentamento de dois problemas: a qualidade digital e a ausência de políticas públicas.
Aponta que os games educacionais poderiam ter feito muito na pandemia, mas perdeu-se a oportunidade de aprimorar, de qualificar a inclusão digital. ”A produção de um game envolve várias habilidades. Aprender a criar um jogo pode ser uma forma de educação para o século 21.”
Pri destaca que a integração entre música, jogos, arte é muito importante. E diz que a participação do G4C vai lhe dar oportunidade de conhecer coletivos, fazer contatos e chamar outros artistas a participarem. “Essa é uma forma de construir uma narrativa comum.”
Schwartz avalia que o festival cria uma conexão com a área acadêmica em que os games discutem a questão da diversidade, de gênero, do racismo, do movimento LGBTQIA+, da mulher preta, da acessibilidade. “Somos diversos, mas todos seres humanos. O game tem esse papel de trazer à tona toda nossa herança cultural”, afirma, lembrando que no audiovisual a postura de cultivar a diversidade está mais enraizada.
O G4C ocorre nos dias 12, 13 e 14 de novembro, das 9h às 21h, sendo que todos os dias, das 18h às 21h são realizadas oficinas para ensinar como fazer games, utilizando o Scratch, em parceria com o WASH; o Godot e o coletivo Lúdico que ensina jogos analógicos. O evento é gratuito e pode ser acessado pelo link: latam.gamesforchange.org.
Schwartz destaca as muitas participações especiais do Festival, como Miguel Cirrat, da Universidade de Copenhagem, Linda Pagani, da Universidade de Montreal, Marcelo Vasconcellos, da Fiocruz, entre outros. O WASH participa com palestras, oficinas e apresentação dos jogos desenvolvidos pelas crianças e bolsistas no âmbito do Programa.