Participantes do Fórum de Líderes do Circuito das Águas Paulista defendem que uma união efetiva, sem vaidades ou interesses políticos, entre as nove cidades que o compõem é a saída para revigorar e impulsionar o turismo e o desenvolvimento da região. A meta é que até 2030, Águas de Lindoia, Amparo, Holambra, Jaguariúna, Lindoia, Monte Alegre do Sul, Pedreira, Serra Negra e Socorro, estejam entre as 100 melhores cidades do País para se viver, trabalhar, visitar e investir. Esses são os quatro eixos a serem trabalhados pelos agentes privados e públicos de cada um dos municípios.
O Fórum de Líderes do Circuito das Águas Paulista faz parte do Programa Líder do Sebrae, e foi apresentado na última quinta-feira (4), no Teatro Dona Zenaide, em Jaguariúna.
Os objetivos são ambiciosos e estimam dobrar o fluxo de turistas de 10 milhões para 20 milhões nos próximos anos, com a união das cidades, a partir de um pensamento coletivo de ações que visam o desenvolvimento.
O fórum foi formado pelo Sebrae com 45 líderes, sendo cinco de cada cidade, com representantes de diferentes segmentos, incluindo a gestão pública, o terceiro setor e o setor privado. Desse trabalho de 34 meses surgiu uma agenda desenvolvimento.
Dentro do eixo Viver, as metas são posicionar todos os municípios entre os 100 melhores do estado de São Paulo até 2026; posicionar pelo menos 50% deles entre os melhores do Brasil no ranking Índice de Desenvolvimento da Gestão Municipal (IDGM) e no Atlas; e aumentar os investimentos e a implementação de políticas focadas em cultura, lazer e qualidade de vida em 50% até 2026.
Já no eixo Trabalhar, as propostas contemplam ter taxa de emprego regional maior que 93% até 2025 e maior que 95% até 2030; elevar o Índice Sebrae de Desenvolvimento Local para o nível “Muito Alto” até 2030; e ter as nove cidades entre as 20 maiores renda per capita do estado até 2030.
No eixo Visitar, os objetivos são posicionar pelo menos cinco cidades entre os 100 melhores destinos turísticos do Brasil até 2025; ter as nove cidades entre os melhores destinos turísticos do Brasil até 2030; e promover a conexão entre as cidades.
Por fim, o eixo investir abrange as metas de ter a tecnologia 5G em todos os municípios até 2023; até 2030, ter todos os municípios entre os 100 melhores do estado para investimentos; e possibilitar a abertura de CNPJ em 24 horas em todas as cidades até 2024.
A iniciativa é inédita no estado de São Paulo.
“O início foi bem difícil porque a gente não tinha um espelho em São Paulo, a gente não podia olhar para uma outra região que tivesse participado desse programa. Quando a gente recebeu outros líderes de outras regiões para contar a experiência deles, nós vimos que nós podemos fazer isso também, nós podemos levar a nossa região com mais conhecimento e mais qualidade de vida daqui para frente”, disse Laura Santi, empresária de Jaguariúna e uma das líderes do projeto.
Ela salientou que é preciso reforçar uma nova mentalidade de colaboração entre as cidades e pensar coletivamente, em busca desses objetivos comuns. “Se esse conjunto estiver na mesma vibração, não há concorrência. A gente precisa cooperar porque, para além de querer a sustentabilidade, para além de querer ter o respeito, que é sempre muito importante, se nós não tivermos uma visão de conjunto e não trabalharmos juntos, os resultados ficam sempre mais difíceis. Tanto que o nosso lema é que juntos somos mais fortes”, reforçou a empresária.
A intenção que é que os produtos e produtores tenham uma identidade geográfica. Em alguns produtos isso já está sendo praticado, como no caso dos cafés especiais e da cachaça, que ao invés de levarem os nomes das cidades onde são produzidos, são reconhecidos como produtos do Circuito das Águas Paulista.
A colocação da empresária vai ao encontro do que disse, na abertura do Fórum, o prefeito de Jaguariúna e presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas (RMC), Gustavo Reis. Para ele, que lidera um conjunto de 20 cidades, é exatamente o pensamento coletivo e as estratégias colegiadas que fazem a diferença.
Ele reforçou que quem age sozinho não avança.
Identidade
Cláudio Veras, consultor do Sebrae Nacional e um dos autores do Programa Líder disse que o desenvolvimento não é de uma gestão e sim para uma geração. “Essencialmente, não são quatro 4 anos de um governo, a gestão pública sozinha que vai fazer acontecer. O desenvolvimento tem que acontecer com o conjunto de pessoas que vivem no território e o conhecem. O Circuito das Águas passa a ter uma identidade, é uma região que se pensa de maneira coletiva. No momento em que eu penso de maneira sozinha eu atraso o desenvolvimento. A região tem um potencial diferenciado, têm um potencial acima da média. A gente encontrou aqui também líderes acima da média, a gente tem uma expectativa acima da média, vocês podem fazer mais, vocês farão mais”, disse o criador do programa.
Esses primeiros líderes formados pelo programa atuam a partir de agora como multiplicadores.
“A partir desse momento, os líderes envolvem outros líderes do território, apresentaram a proposta, eles vão agora detalhar um conjunto de iniciativas que vocês viram que já estão acontecendo, como a identidade geográfica dos cafés especiais, identidade geográfica da cachaça, e conjunto de dados do território. Os líderes agora começam a agir concretamente para transformar a realidade desse território por meio de um conjunto de iniciativas”, ressalta Veras sobre os próximos passos do projeto.
Entre as ações para alcançar os objetivos, estão a criação de um observatório com indicadores alimentados pela iniciativa pública e privada; aprovação de leis; pleitear junto ao estado a transformação da região em distrito turístico; ter eventos regionais integrados; ter educação profissionalizante focada na demanda de mercado; e formar os jovens com cultura, tecnologia, finanças, empreendedorismo, dentre outros.