O Réveillon em partes da Rússia e Ucrânia será de chorar os seus mortos. Mais uma vez, ofensivas de ambos os lados tornaram sangrento o final deste ano. Troca mútua de acusações e narrativas sem comprovação independente formam o roteiro deste filme de terro, cujas vítimas principais são os civis, como sempre.
As operações de socorro após o ataque russo deste sábado (30) continuam. Quase 120 cidades e aldeias foram afetadas, com centenas de objetos civis danificados. O ataque russo afetou um total de 159 pessoas. Até agora, há 39 mortes.
De outro lado, o Ministério da Defesa russo anunciou ter atacado alvos militares em Kharkiv, em represália pelo ataque de sábado a Belgorod, mas a Ucrânia assegura tratar-se de edifícios residenciais.
No sábado, a Rússia prometeu que o ataque a Belgorod, que fez 24 mortos naquela cidade próxima da fronteira ucraniana, não ficaria impune.
Moscou acusa Kiev pelo ataque, mas a Ucrânia ainda não respondeu à acusação. Segundo o último balanço, divulgado pelo governador da região, Viatcheslav Gladkov, o ataque fez 24 mortos e há 108 pessoas feridas.
Embora Kiev realize ataques frequentes em território russo, nomeadamente com recurso a ‘drones’, este foi o ataque mais mortífero para civis na Rússia desde o início do conflito, em fevereiro de 2022.
“Em resposta a este ato terrorista, as forças armadas russas atacaram centros de decisão e instalações militares” em Kharkiv, disse o Ministério da Defesa russo em comunicado.
O governador da região ucraniana, Oleg Sinegoubov, afirmou, no entanto, que o ataque atingiu um hotel, edifícios residenciais e clínicas ou hospitais, deixando 28 feridos.
Entre as vítimas, há dois adolescentes e um cidadão britânico, conselheiro de segurança de uma equipe de jornalistas alemães, segundo as autoridades ucranianas.
A Rússia reconheceu ter atingido um “antigo complexo hoteleiro”, o Kharkiv Palace, mas garantiu que ali se encontravam membros dos serviços de informações militares alegadamente implicados no ataque a Belgorod, assim como “mercenários estrangeiros”. Moscou nega sempre atacar alvos civis na Ucrânia.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e econômicas.
(Agência Lusa News)