Com a chegada do inverno, um dos fenômenos mais simbólicos da paisagem campineira volta a encantar moradores e visitantes: a florada dos ipês. Ruas, praças e canteiros da cidade estão ganhando novas cores com o desabrochar das flores roxas e rosas, as primeiras a surgir na estação mais seca do ano.
Presentes em praticamente toda a cidade, os ipês formam verdadeiros corredores floridos. Os exemplares roxo e rosa são os primeiros a florescer, entre junho e julho, seguidos pelas demais variedades — amarelo, branco e verde — até o mês de novembro.

O nome “ipê” vem do tupi e significa “casca dura” — uma referência à resistência da madeira. Historicamente, a árvore também é conhecida como pau-d’arco, já que sua madeira era usada por povos indígenas na fabricação de arcos de caça e defesa. Isso demonstra que sua importância vai além da estética, representando também um elemento de valor histórico, ambiental e cultural.
Por que florescem agora?
O início da floração está ligado a fatores climáticos. O clima mais seco e as temperaturas amenas do inverno funcionam como um gatilho para o processo reprodutivo da planta, especialmente dos ipês roxos e rosas.
O ciclo começa com a queda das folhas. Segundo o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella, a maioria das espécies de ipê é caduca — ou seja, perde todas as folhas durante o florescimento, destacando ainda mais as flores nas copas. É também por esse motivo que, além da copa florida, calçadas e avenidas ficam cobertas por “tapetes” coloridos, formados pelas folhas e flores caídas.
O destaque das flores atraem agentes polinizadores, como a abelha-mamangava, que adoram, principalmente, os ipês amarelos.
A sequência natural das floradas segue o ritmo do clima. Nos meses mais quentes, entre setembro e novembro, florescem os ipês-amarelo, branco e verde. As variações climáticas, no entanto, podem alterar esse calendário.

Um espetáculo breve, mas intenso
Apesar de impactante, a florada dos ipês costuma durar pouco. Os roxos e rosas mantêm as flores por cerca de 15 dias. Já as espécies verde e branca têm floradas ainda mais breves — de cinco a seis dias e dois a três dias, respectivamente. Por isso, a recomendação é aproveitar o espetáculo assim que ele for avistado, registrando o momento.
A altura e o porte das árvores também variam. O ipê-roxo pode alcançar entre 10 e 20 metros, com troncos de até 80 cm de diâmetro. O ipê-rosa tem altura semelhante, com troncos que variam entre 40 e 60 cm, segundo informações da Secretaria de Serviços Públicos.

Arborização urbana e conservação
O secretário também explica que as cinco espécies de ipês — roxo, rosa, amarelo, branco e verde — estão presentes de forma natural em Campinas, mas também são cultivadas e plantadas em áreas urbanas da cidade. Além de presentes naturalmente no meio urbano, as espécies são cultivadas no Viveiro Municipal Otávio Tisseli Filho, no Parque Xangrilá, e utilizadas para o plantio em parques, praças, jardins e canteiros.
“No viveiro, há cerca de 15 mil mudas de ipê em cultivo. As sementes são coletadas nas árvores que estão pela cidade. Os ipês fazem parte dos projetos de arborização, na urbanização ou revitalização de praças, parques, jardins e nas microflorestas que estão sendo implantadas em Campinas”, afirma Paulella.
Segundo ele, as sementes dos ipês são chamadas de “sementes aladas”, pois possuem uma estrutura leve, como se fossem asas, que favorece sua dispersão pelo vento. Assim, as sementes se espalham, caindo em diferentes locais onde podem germinar e se desenvolver, dando origem a novas plantas.
Onde encontrar ipês em Campinas
O Hora Campinas registrou exemplares em flor nos bairros Jardim Guarani, Jardim Proença, Centro e Vila Marieta, mas os ipês estão espalhados por toda a cidade.
Campineiros que quiserem cultivar ipês em suas casas ou colaborar com a arborização da cidade podem solicitar até seis mudas gratuitas no Viveiro Municipal. O endereço é Rua Argeu Pires Neto, s/nº, Parque Xangrilá. Informações pelo telefone (19) 3257-1474.