“Você conhece o Ifood, o Centro Infantil Boldrini, a plataforma Quinto Andar? O que elas têm em comum?”, provoca a professora Ana Frattini, Diretora-executiva da Inova, Agência de Inovação da Unicamp. “Esse é o maior impacto que a universidade pode dar de resposta, como uma coisa muito positiva para a região e para o Brasil inteiro. Mais especificamente para a região. São as empresas que se formam dos cérebros que passam pela universidade. Sejam eles alunos, ex-alunos, professores, funcionários. Temos um número muito expressivo. São mais de mil empresas filhas que nasceram dessas pessoas que passaram por aqui e várias delas que nasceram de pesquisas geradas dentro da própria universidade”, responde.
A Inova é a ponte entre a ciência criada na universidade e a sociedade. Foi criada em julho de 2003, para estabelecer uma rede de relacionamentos da Unicamp com a sociedade a fim de incrementar as atividades de pesquisa, ensino e avanço do conhecimento.
A professora cita ainda o protagonismo da universidade. “A Unicamp foi criada para ser protagonista em termos de tecnologia, na época de sua criação, em telecomunicações, mas o que se efetivou realmente foi um protagonismo em todas as áreas. Se vê isso na Engenharia de Alimentos, na Biologia, na Medicina, na Engenharia Elétrica, na Engenharia Mecânica, na Economia, na Filosofia e Ciências Humanas, na Física, enfim, protagonismo de alta tecnologia em todas as unidades”, avalia.
As empresas filhas têm alto impacto. “Essas 1.000 empresas filhas que nós temos cadastradas geram um faturamento anual de aproximadamente R$ 8 bilhões. Por volta de 95% estão na região sudeste e grande parte na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Esses R$ 8 bilhões vêm junto com a geração de emprego, por volta de 35 mil postos de trabalho. Impacto extremamente grande para a sociedade”, revela.
Mesmo com o impacto da pandemia, as pesquisaram continuaram acontecendo, ainda que de forma adaptada. A demanda por comunicação rápida, novos aplicativos e softwares exigiram inovação. “No ano passado tivemos um software, que foi gerado na Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação, que foi depositado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e teve 35 licenças totalmente grátis, colocado em hospitais públicos para gerenciamento. Imagina o tamanho do impacto. Mas ninguém pensa nisso. Acha que hospital é só médico. Não, como é que se gerencia um hospital? Como se percebe se um equipamento está funcionando direito e se dá o resultado adequado? Veja o impacto de uma das pesquisas que sai de dentro da universidade e vai para a sociedade diretamente”, explica a diretora.
“Quem entra nessa universidade jamais volta a ser o que era. É um mundo encantador. O conhecimento é a base de tudo para qualquer país melhorar, distribuir melhor sua renda, para que o país respeite mais o meio-ambiente não tem outro caminho se não o da educação. Então venham conhecer a Unicamp”, Ana Frattini, Diretora-executiva da Inova.
Segundo a professora, algumas iniciativas já estão ocorrendo na graduação para unir ainda mais as duas pontas. Uma delas, chamada de curricularização da extensão e pesquisa, quer facilitar que o resultado das pesquisas e movimento dos alunos chegue diretamente para a sociedade. “O que a Lei de Diretrizes de Ensino nos pede nesse momento é para que a gente inclua no currículo dos alunos um número de horas que ele participe desses projetos que substitua uma disciplina teórica, por exemplo, com uma atividade prática junto à comunidade”, explica.
Um dos exemplos é da Faculdade de Engenharia Química, onde um grupo de alunos trabalha diretamente com cooperativas de coletores de materiais recicláveis. “Um dos problemas que eles têm é o que fazer com o lixo que sobra depois de separar tudo o que é reaproveitável. O que fazer com isso? Nossos alunos podem analisar e ajudá-los a resolver esse problema”, diz.
Outra dificuldade dessas cooperativas é a separação dos plásticos, que são muito parecidos depois que se transformam em lixo. “É difícil reconhecer o material que originou aquela peça plástica. Foi um problema que a cooperativa nos trouxe. Alunos da graduação de uma forma muito interessante geraram um aplicativo que analisa o som que esse plástico reproduz no momento em que ele é amassado. É a mistura perfeita da ciência que é produzida na universidade e a demanda da sociedade. Esses alunos podem ser a ponte entre a demanda da sociedade e a pesquisa que é desenvolvida na sociedade”, diz.
Somente a Petrobras possui um número de produção de propriedade intelectual maior do que a Unicamp.
Ana Frattini lembra que a Unicamp responde por mais de 15% da produção científica brasileira. “Nós depositamos um número de patente de propriedade intelectual que no Brasil nenhuma outra instituição de ciência e tecnologia supera. Só a Petrobras tem um número de produção de propriedade intelectual maior do que a Unicamp. Mas a Unicamp é a primeira universidade em patentes que é outra ponta que faz chegar na sociedade, pois são conhecimentos que chegam nas indústrias para tornar o produto mais barato, mais sustentável, para uma economia de respeito ao meio-ambiente, por exemplo”, diz.
A professora faz um convite para a população de Campinas. “Eu quero que a população tenha maior curiosidade a respeito do que existe dentro da universidade. Nós temos o programa Unicamp Portas Abertas. Venham conhecer. Tragam seus filhos para ver o que a gente tem aqui, abram os olhos dele para o mundo que está aqui. Não há nenhum custo para seus filhos estudar nessa universidade que tem esse mundo maravilhoso, que tem uma conexão imediata com os melhores centros de desenvolvimento de pesquisa do mundo inteiro. É uma porta que se abre para um futuro esplendoroso”, finaliza.