Estão próximas de serem concluídas as obras do maior investimento na área de saúde da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) nos últimos 30 anos. Se trata do Instituto de Otorrinolaringologia & Cirurgia de Cabeça e Pescoço (IOU), erguido com recursos doados pelo Ministério Público do Trabalho, fruto da indenização por dano moral coletivo da ação civil pública no caso Shell/Basf de Paulínia.
O Centro será inaugurado em 2022 e vai prestar atendimento especializado para até 120 mil pacientes por ano, promovendo reestruturação e expansão da Divisão de Otorrinolaringologia, Cabeça e Pescoço do Hospital de Clínicas (HC) da universidade, que há mais de cinco décadas atende, com níveis de excelência, a população da região de Campinas.
A proposta do IOU é atuar de forma integrada com os agentes de saúde da rede estadual, com 70% das consultas destinadas ao SUS e 30% a planos de saúde. Todo recurso que entra dos planos de saúde será destinado ao atendimento SUS, já que o Instituto não tem fins lucrativos.
Coordenado pelo professor titular da Faculdade de Ciências Médicas (FCM-Unicamp), Agrício Crespo, o projeto é único no meio acadêmico e será destinado à formação de especialistas e à educação continuada, além do desenvolvimento de pesquisas e difusão de novos conhecimentos.
“Essa é uma obra que vai fazer uma grande diferença para a Região Metropolitana de Campinas, para o Estado e para todo o Brasil. O instituto é destinado ao tratamento dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço, com doenças da surdez profunda e muitas outras da cabeça e do pescoço. Nós vamos depender de doações da sociedade civil e do empresariado, a exemplo de outras instituições tradicionais de Campinas que já funcionam assim, porque obras com este propósito e com esta envergadura só vão adiante graças à participação de todos”, afirma o Crespo.
A equipe médica multidisciplinar é formada pelo corpo clínico e acadêmico da Universidade. “Já nascemos com uma formação técnico-científica que é referência internacional, oriunda da Faculdade de Ciência Médicas da Unicamp e da Divisão de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da Unicamp, portanto temos muito orgulho e estamos muito confiantes com a criação do IOU”, reforça o professor e coordenador do instituto.
Na nova unidade hospitalar serão realizados diagnósticos, tratamentos e reabilitações do câncer de cabeça e pescoço, da surdez, doenças do equilíbrio, distúrbios da voz e deglutição, das vias respiratórias superiores, tratamento de crianças traqueostomizadas e câncer de cabeça e pescoço.
Também serão feitos exames exclusivos na rede pública. Além dos 120 mil pacientes atendidos por ano, a unidade de saúde terá capacidade para 4.320 cirurgias de portes variados e 88.668 exames de apoio diagnóstico.
Em um terreno de 11 mil metros quadrados, localizado ao lado do HC, as instalações do Instituto possuem 7 mil metros quadrados que abrigam 30 consultórios médicos, dez salas de procedimentos especializados, quatro salas de cirurgia, 18 estações de treinamento, três consultórios odontológicos, três auditórios, 15 quartos de internação, tomografia computadorizada e laboratórios de genética, de diagnósticos e reabilitação da surdez e do equilíbrio, de distúrbios do sono e de cirurgia virtual.
A ação civil pública foi proposta pelo Ministério Público em 2007. A multinacional Shell – associada à alemã Basf, em Paulínia – pagou R$ 200 milhões por dano moral coletivo, reconhecendo os efeitos da contaminação do solo e dos lençóis freáticos provocados pela atividade industrial. Como forma de reparar os danos causados à sociedade, o dinheiro foi destinado para entidades de pesquisa e medicina.