O acidente envolvendo a menina Isabella, de 3 anos, picada por um escorpião na última semana em Jaguariúna, levou a Prefeitura a colocar em pauta na reunião da Comissão Intergestores Regional (CIR) a discussão sobre a necessidade de dispor de soro antiescorpiônico no Hospital Municipal Walter Ferrari – referência para cidades vizinhas.
A Secretaria de Saúde de Jaguariúna informou em nota, nesta terça-feira (23), que na reunião da CIR e representantes do estado, agendada para a próxima semana em Campinas, estará na pauta o pedido de viabilidade técnica e logística do município dispor de insumos para atender acidentes com animais peçonhentos.
A medida ocorre em meio à pressão de familiares, da população e também da mídia regional, que cobrou mudanças após mais um episódio grave na cidade.
Hoje existem seis hospitais, localizados em cinco cidades, onde os pacientes podem recorrer em caso de algum acidente com animais peçonhentos: Sumaré, Indaiatuba, Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Campinas (HC Unicamp e Complexo Hospitalar do Ouro Verde).
Segundo dados do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo (Prof. Alexandre Vranjac), Jaguariúna já soma 36 casos de picadas de escorpião até agosto deste ano. Entre eles o caso de Isabella, que precisou ser transferida em estado grave para o Hospital de Clínicas da Unicamp. Ela ficou três dias internada e passa bem.
O levantamento do CVE mostra que 80% dos atendimentos ocorreram em um período de até 1 hora. O risco de morte pela picada do peçonhento é maior em crianças de até 10 anos. Nessa faixa etária, segundo os dados até agosto, os casos de acidente representavam 3% do total.
Apesar do volume de registros, apenas 5,5% dos pacientes receberam o soro específico.
Em 2024, Jaguariúna chegou a quase 50 registros e viu um caso fatal: o do menino Arthur Morais Carvalho Nascimento, também de 3 anos, que não resistiu após ser picado dentro de casa.
Atualmente, existem 228 Pontos Estratégicos de Soro Antiveneno (PESAs) para atendimento aos acidentados por animais peçonhentos em todo o estado de São Paulo. As unidades foram distribuídas, segundo a Pasta da Saúde, “estrategicamente com o objetivo de reduzir o tempo entre a picada e o atendimento/tratamento do acidentado, pensando principalmente no socorro às crianças de até 10 anos.”
Há, inclusive, um mapa interativo (clique no link), desenvolvido pelo Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), que fornece as informações necessárias para buscar ajuda em emergências, sobretudo, no período quente e chuvoso, época em que este tipo de acidente mais acontece.
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