Como você se sentiria tendo pessoas lhe apontando o dedo na cara e lhe fazendo acusações? Como se sentiria ao ver que não só você, mas até mesmo seus familiares iriam ser vítimas das críticas? São com essas perguntas que inicio nossa reflexão de hoje, espero contar com você e com seu bom senso. Vale ressaltar que sou formado em Filosofia e tal disciplina não apresenta respostas prontas, muito pelo contrário, ela levanta questionamentos mediante as mais diversas certezas precipitadas que o ser humano geralmente tem.
Pois bem, se você cometeu algum crime passível de condenação judicial é justo que você venha a pagar pelo que fez, concorda? Roubou, matou e por aí vai… Que a justiça seja feita, mas e quando suas atitudes não passam pela área judicial, apenas pela moral e pior, passam apenas pela área da opinião, o que fazer? Lá na Grécia antiga, Platão grande nome da filosofia já diferenciava a opinião chamada por ele de doxa, da inteligência crítica chamada por ele de episteme. Trouxe Platão a tona para que saibamos que tal reflexão que aqui descrevo não é novidade alguma já existindo no V século a.C..
Como você se sente sendo julgado por atitudes suas que estejam na contramão dos valores populares? Uma vez que somos humanos e a vida não vem com um manual de instruções, o porquê, ou melhor, com que direito as pessoas podem apontar o dedo para você lhe chamando de canalha, de insensível, de oportunista, de duas caras, de galinha, salafrário, dentre tantos outros adjetivos de viés moral que bem conhecemos?
Depois do que expus acima, tendo como foco você, caro leitor, querida leitora, sendo vítima de tais adjetivos e julgamentos maldosos, que tal invertermos o jogo? Que tal pararmos pra refletir em quantas vezes atiramos pedras em pessoas que não cometeram crimes judiciais, apenas agiram de um modo que não concordamos, que não corroboram com nossos valores pessoais, o que você acha disso, de ser agora aquela pessoa que aponta o dedo? Essa reflexão me veio à tona depois de ver a repercussão e os comentários após a morte da mãe do presidente, e depois de ter sido publicado a situação cancerígena do ex-jogador de futebol, conhecido como “rei”. A que ponto chegamos: aplaudir a morte de alguém… Aplaudir e comemorar um ser humano com metástase advinda de um câncer…
Que rumo a sociedade está tomando? Intitulando-nos juízes sociais! Você é uma dessas pessoas que celebra tais fatos? Você é quem atira as pedras? Repito: aquelas pessoas que cometeram crimes passíveis de serem tratados pela justiça merecem sim pagar pelo que fizeram, mas comemorar e vibrar por alguém ter sido diagnosticado com câncer? Por uma senhora de idade vir a falecer? Não estou aqui para defender partido político, crenças, ideologias, time de futebol, estou aqui para levar em conta as emoções humanas nas mais diversas fases da vida.
O que você faria se comemorassem a morte dos seus pais, dos seus filhos, a sua? Como reagiria se soltassem fogos por você ter sido diagnosticado com câncer em fase terminal? Pense bem, pois “acusar é fácil, difícil é utilizar a razão”, já dizia Henry Ford, segundo ele o ato de pensar cansa, desgasta, e é nessas circunstâncias que os impulsos emocionais vencem. Quando não há argumento utiliza-se do grito, dos palavrões, da humilhação…
Convido você a pensar que hoje você condena, amanhã pode ser o condenado e se isso ocorrer não adianta chorar se fazendo de vítima, de mal amado, de injustiçado. O respeito é uma virtude que você pode vir a desenvolver, mas ela exige prática, treino, tal como quem tem o hábito de ir para a academia. Opte por não agir no impulso, opte por ter bom senso, como já orientou o grande filósofo Aristóteles.
Não seja mais um na fila, não seja mais um a pertencer a massa, pense por si, seja você! Seja humano e exercite a empatia. Do grego, pathos diz respeito às emoções, coloque-se no lugar das pessoas que você tanto se orgulha de criticar e pense depois de toda essa nossa reflexão se você consegue deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilamente tanto crucificando como sendo o crucificado.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL)