Exatamente cinco meses, algo em torno de 150 dias, separavam a Ponte Preta de sua última vitória fora de casa. Contando apenas jogos da Série B, eram quase oito meses, mais de 200 dias, sem triunfar como visitante. Mas como nada dura para sempre, os dois incômodos jejuns foram sepultados de uma só vez na noite da última quarta-feira (22), graças a vitória por 2 a 1 sobre o Operário, com contornos épicos, no estádio Germano Krüger, em Ponta Grossa, no interior do Paraná.
Os três pontos tiveram um sabor ainda mais especial porque vieram diante da presença de cerca de 2 mil torcedores rivais que ocuparam as arquibancadas, dentro da limitação de 20% da capacidade do estádio, em decorrência das restrições da pandemia de Covid-19.
O primeiro passo para a inédita vitória pontepretana longe de Campinas em todo o campeonato foi largar em vantagem no placar, algo que a equipe só havia conseguido fazer em uma única oportunidade na atual edição da Série B. Nos 12 jogos anteriores como visitante, a Macaca havia saído na frente do marcador apenas no empate por 1 a 1 com o Náutico, no dia 12 de julho, no estádio dos Aflitos, em Recife.
O golaço do volante André Luiz, que abriu o caminho do triunfo sobre o Operário, foi apenas o quinto gol marcado pela Ponte Preta em campos adversários nesta Série B. Quando a Macaca tomou o empate apenas cinco minutos depois, a lembrança das quatro derrotas anteriores voltou a assombrar o torcedor pontepretano, mas desta vez o roteiro seria diferente.
A segunda chave para o triunfo alvinegra em solo paranaense foi reassumir a liderança do placar, praticamente no último lance do primeiro tempo. Com todo o seu talento, Moisés destrancou a defesa do Operário e serviu com açúcar para Rodrigão apenas empurrar para o fundo das redes. Esse foi um verdadeiro balde de água fria sobre o adversário paranaense, que desceu para o intervalo com missão em dobro para conquistar a virada.
No segundo tempo, no entanto, a Ponte Preta teve mais sorte do que juízo. A equipe entregou a bola e se limitou a defender o resultado que interessava. Com pouca efetividade nos contra-ataques, passou a recuar cada vez mais e chamar o Fantasma, que teve pelo menos três chances muito claras de empatar a partida. Na mais incrível delas, um chute do ex-pontepretano Paulo Sérgio acertou a trave. A bola correu caprichosamente sobre a linha e saiu. Não é sempre que a Lei do Ex é infalível. O mesmo atacante já havia carimbado a trave em cobrança de falta no primeiro tempo, que inclusive acabou resultando no gol de empate de Marcelo.
A situação da Ponte Preta ficou bastante complicada quando André Luiz foi expulso e mais difícil ainda quando a equipe perdeu o zagueiro Fábio Sanches e ficou com dois homens a menos. Mesmo com oito minutos de acréscimo, que deixaram o torcedor pontepretano com o cabelo em pé, a Macaca conseguiu suportar a pressão, com muita marcação, superação e, como não poderia faltar, intervenções do goleiro Ivan.
Ele já havia sido o grande herói do Dérbi 201, na última sexta-feira (17), ao evitar o gol de uma possível vitória bugrina, com defesa à queima-roupa em chute de Lucão do Break dentro da pequena área, já na parte final da partida. O jovem arqueiro de 24 anos, que nunca foi vazado pelo Bugre em clássicos disputados no Majestoso, garantiu o tabu de 12 anos sobre o maior rival dentro do estádio pontepretano e foi um dos grandes responsáveis pelo fim da maldição de cinco meses sem vitória fora de casa. O Fantasma ficou pelo caminho. Literalmente.