No dia 30 de março de 2020, Campinas registrava um fato inédito: a morte de uma pessoa vítima de Covid-19. O caso que envolveu um homem de 86 anos fez a cidade entrar de vez em estado de alerta, reflexo do que acontecia no Brasil e no mundo com a disseminação do coronavírus.
Medidas restritivas foram intensificadas e os dias seguiram marcados pelo isolamento. A batalha, no entanto, não evitava o crescimento do número de casos e de óbitos que impactaram vidas e deixaram marcas profundas.
Nesta quinta-feira (30), exatamente três anos após a primeira morte por Covid em Campinas, o balanço da luta contra o maior inimigo da humanidade dos últimos tempos é animador. Mas as autoridades em saúde alertam: não dá para ‘baixar a guarda’
“Os primeiros dois anos foram muito difíceis”, lembra a infectologista Valéria Almeida do Departamento Municipal de Vigilância em Saúde (Devisa) de Campinas. Para ela, o início de 2021 foi o momento mais desafiador da pandemia.
Os números confirmam seu diagnóstico. Das 5.451 mortes registradas em Campinas desde a ocasião do primeiro óbito, 3.059 aconteceram naquele ano. “Foi o momento em que surgiu a variante Gama”, lembra Valéria. “E a situação poderia ter sido muito pior, não fosse o início da campanha de vacinação que aconteceu naquele momento.”
Também foi em 2021 que o maior número de casos graves chegou a ser registrado na cidade, 11,8% do total no ano. A dona de casa Francisca Reis Duarte fez parte dessa estatística. “Não gosto de lembrar, pensei que ia morrer”, diz a mulher de 73 anos, que contraiu o coronavírus depois das festas de Natal de 2021, marcadas por reuniões de família. Parentes dela que também estiveram presentes nas comemorações contraíram o vírus, mas tiveram sintomas leves. “No meu caso, não fui embora por milagre”, reforça a dona de casa, como que enfatizando a vitória alcançada.
Na ocasião, dona Francisca já havia sido vacinada. A vacina chegou em Campinas no dia 18 de janeiro de 2021.
A técnica de enfermagem do Hospital de Clínicas da Unicamp, Liane Tinoco, de 48 anos, foi a primeira pessoa da cidade a receber o imunizante, em evento que contou com a presença de autoridades. Desde então, o número de doses aplicadas em Campinas chega perto dos 3.300.000, segundo a Secretaria de Saúde, o que é motivo de comemoração para as autoridades sanitárias.
Depois que a vacina chegou, o número de mortes teve uma queda considerável. De acordo com dados da Secretaria de Saúde, em 2022 foram registradas 691 vítimas fatais na cidade, quase 78% a menos do que no ano anterior, embora o número de casos tenha aumentado de 93.126 em 2021 para 109.099 no ano seguinte.
Já em 2023, foram 6.770 casos e 44 óbitos contabilizados até quarta-feira (29), um contraste com o primeiro ano da pandemia em 2020, quando dos 58.425 casos, 1.657 mortes aconteceram.
O total de infecção por Covid-19 em Campinas foi de 282.934, número atualizado pela secretaria até a última quarta.
As autoridades em saúde destacam as estatísticas, mas alertam que a aplicação das doses de reforço ainda está longe de ser satisfatória. “É uma preocupação”, reconhece Valéria Almeida.
“Não podemos esquecer que com o passar do tempo, a proteção vai caindo e ela precisa ser ativada com novas aplicações.” Ou seja, o fato de o número de casos graves ter diminuído, não significa que a batalha está vencida.
Seguir uma disciplina em relação à aplicação das vacinas é a arma da população para manter o inimigo imobilizado.