A montanhista campineira e torcedora da Ponte Preta Aretha Duarte, de 37 anos, conseguiu marcar seu nome na história ao alcançar seu principal objetivo: ser a primeira mulher negra brasileira a atingir o cume do Monte Everest.
O pico foi conquistado às 1h39 deste domingo, no horário de Brasília
De acordo com as informações publicadas na rede social dela, o pico foi conquistado às 1h39 deste domingo (23), no horário de Brasília, 10:24 no horário do Nepal. “Aretha Duarte se tornou a primeira mulher negra latino-americana da história a conquistar o lugar mais alto do mundo”, traz a mensagem.
“Nenhum sonho é maior que a nossa capacidade de realizá-lo. Essa conquista é nossa, da Aretha e de cada um de vocês que acreditaram e confiaram nesta mulher sem paralelos, e em sua jornada de autotransformação e regeneração socioambiental”, diz a publicação.
De acordo com a operadora Grade 6, empresa da qual Aretha é guia de montanha, ela e os membros da equipe estão descansando no acampamento 4 da montanha, recuperando as energias para a descida.
A assessoria de imprensa do projeto informou que ela está incomunicável na montanha pelo menos até nesta segunda-feira, quando ela deve chegar ao acampamento 2, se tudo der certo.
Até hoje, 25 brasileiros conseguiram o feito; apenas cinco mulheres
Nascida e criada no Jardim Capivari, na periferia de Campinas, Aretha desembarcou dia 2 de abril em Kathmandu, no Nepal, para tentar se tornar a primeira mulher brasileira negra a chegar ao topo do Monte Everest, a montanha mais alta do mundo, a 8.800 metros de altitude.
“Até hoje, apenas 25 brasileiros conseguiram, sendo cinco mulheres. Pretendo ser a sexta, mas com certeza a primeira de origem negra e periférica”, destacou Aretha, em entrevista à PonTV, em abril, antes de viajar para a maior aventura de sua vida.
De acordo com a alpinista, o desejo de escalar o Monte Everest surgiu em dezembro de 2019. Na ocasião, ela se deparou com uma fotografia tirada por seu colega de trabalho Carlos Santalena, que é o sul-americano mais jovem a escalar os sete maiores picos do planeta.
“É uma foto linda e impressionante que mostra o Vale do Silêncio, uma parte do Everest que fica a 6 mil metros de altitude. Foi a primeira vez que eu quis estar lá. Antes disso, não tinha vontade porque não combinava com a filosofia de montanhismo que eu acreditava, parecia uma busca de autopromoção”, revelou Aretha, que já escalou o Kilimanjaro, na Tanzânia, a maior montanha da África, além do Aconcágua, na Argentina, o monte mais alto fora do Himalaia. Ela também já esteve no Campo Base do Everest. Ao todo, ela já visitou sete países por conta do montanhismo, modalidade que pratica há uma década.
Para realizar o sonho de escalar o Monte Everest, Aretha Duarte precisou construir a sua própria montanha.
Ela e os irmãos coletaram 500 kg de material reciclável por dia para arrecadar dinheiro
“Eu tinha os requisitos necessários, ou seja, condicionamento físico excelente, conhecimento de escalada em alta montanha de rocha e gelo, mas faltava o quesito financeiro. O caminho que escolhi foi voltar a fazer algo que havia feito na minha infância e adolescência: trabalhar com reciclagem. Desde março do ano passado, com ajuda dos meus irmãos e da minha mãe, juntamos aproximadamente 500 kg de recicláveis por dia, de domingo a domingo”, contou Aretha Duarte, que arrecadou o valor estimado para realizar a expedição.
“Essa minha ida ao Everest significa muito para mim, mas também para a sociedade em geral. É representação de que qualquer pessoa, seja negra ou periférica, pode ter as suas realizações. Que as pessoas enxerguem em mim um espelho para buscar o seu próprio Everest, não necessariamente montanhas, mas que possam escolher melhores caminhos para suas vidas”, concluiu Aretha, que garantiu que a camisa da Ponte Preta estaria com ela durante todo o percurso.