A montanhista e torcedora pontepretana Aretha Duarte, de 37 anos, está prestes a viver a maior aventura de sua vida. Nascida e criada no Jardim Capivari, na periferia de Campinas, ela desembarcou ontem (2) em Kathmandu, no Nepal, onde tentará se tornar a primeira mulher brasileira negra a chegar ao topo do Monte Everest, a montanha mais alta do mundo, a 8.800 metros de altitude. “Até hoje, apenas 25 brasileiros conseguiram, sendo cinco mulheres. Pretendo ser a sexta, mas com certeza a primeira de origem negra e periférica”, destacou Aretha, em entrevista à PonTV.
De acordo com a alpinista, que é guia de montanha da operadora Grade 6, em Campinas, o desejo de escalar o Monte Everest surgiu em dezembro de 2019. Na ocasião, ela se deparou com uma fotografia tirada por seu colega de trabalho Carlos Santalena, que é o sul-americano mais jovem a escalar os sete maiores picos do planeta. “É uma foto linda e impressionante que mostra o Vale do Silêncio, uma parte do Everest que fica a 6 mil metros de altitude. Foi a primeira vez que eu quis estar lá. Antes disso, não tinha vontade porque não combinava com a filosofia de montanhismo que eu acreditava, parecia uma busca de autopromoção”, revela Aretha, que já escalou o Kilimanjaro, na Tanzânia, a maior montanha da África, além do Aconcágua, na Argentina, o monte mais alto fora do Himalaia. Ela também já esteve no Campo Base do Everest. Ao todo, ela já visitou sete países por conta do montanhismo, modalidade que pratica há uma década.
Para realizar o sonho de escalar o Monte Everest, Aretha Duarte precisou construir a sua própria montanha. “Eu tinha os requisitos necessários, ou seja, condicionamento físico excelente, conhecimento de escalada em alta montanha de rocha e gelo, mas faltava o quesito financeiro. O caminho que escolhi foi voltar a fazer algo que havia feito na minha infância e adolescência: trabalhar com reciclagem. Desde março do ano passado, com ajuda dos meus irmãos e da minha mãe, juntamos aproximadamente 500 kg de recicláveis por dia, de domingo a domingo”, revela Aretha Duarte, que arrecadou o valor estimado para realizar a expedição.
“Essa minha ida ao Everest significa muito para mim, mas também para a sociedade em geral. É representação de que qualquer pessoa, seja negra ou periférica, pode ter as suas realizações. Que as pessoas enxerguem em mim um espelho para buscar o seu próprio Everest, não necessariamente montanhas, mas que possam escolher melhores caminhos para suas vidas”, conclui Aretha, que garante que a camisa da Ponte Preta estará com ela durante todo o percurso.