Morreu na última quinta-feira (13), aos 86 anos, em Campinas, a pontepretana Hellenice Reis Maia, muito mais do que uma simples torcedora, uma dedicada pesquisadora do passado de seu time do coração, tarefa que desempenhou durante parte de sua vida. Ela estava internada com quadro de pneumonia e não resistiu à doença. Viúva, Hellenice deixa dois filhos e duas netas.
Entre as décadas de 80 e 90, com extrema devoção e empenho, Hellenice Reis Maia foi responsável pelo incansável trabalho de pesquisa daquela que é considerada a maior enciclopédia do clube alvinegro: “História da Associação Atlética Ponte Preta”, de autoria do historiador pontepretano Sérgio Rossi, também já falecido.
Com sete volumes publicados entre 1989 e 2000, todos com participação importante de Hellenice na parte de pesquisa, a coleção reúne fichas técnicas de todos os jogos dos primeiros 100 anos da história da Ponte Preta, além de documentos e outros importantes registros referentes a este que é um dos clubes mais antigos do futebol brasileiro, fundado no dia 11 de agosto de 1900 – daqui a menos de um mês, completará 123 anos de existência.
Ex-presidente do Conselho Deliberativo e antigo diretor do Arquivo Histórico da Ponte Preta, o autor Sérgio Rossi trabalhava como cirurgião-dentista e faleceu em 2002. Depois da morte dele, o professor e historiador pontepretano José Moraes dos Santos Neto assumiu o bastão e escreveu o oitavo e último volume da enciclopédia, que abrange o período de 2000 a 2004.
Torcedora e pesquisadora da Ponte Preta, Hellenice Reis Maia era viúva de José Douglas Maia, que também participou do processo de pesquisa da maior enciclopédia já publicada sobre o clube alvinegro. “Eles colaboraram para o que eu chamo de verdadeira Bíblia do torcedor pontepretano. Essa coletânea é uma obra fundamental”, destaca o historiador campineiro e pontepretano Frederico Maróstica, dono do perfil Museu da Macaca, com mais de sete mil seguidores em diferentes redes sociais.
A enciclopédia “História da Associação Atlética Ponte Preta” é item indispensável para a coleção de qualquer torcedor pontepretano e inestimável fonte de pesquisa para todos aqueles que estudam a história do clube alvinegro e do futebol em geral. Um destes é o historiador campineiro e pontepretano Frederico Maróstica, criador e administrador da página Museu da Macaca, com perfis ativos nas redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter).
“Eu tinha algumas edições compradas na época do lançamento, inclusive com autógrafo do Sérgio Rossi. Em 2020, quando tive a ideia de criar a página, fui atrás dos volumes que faltavam e consegui completar a coletânea. Ela é fundamental para o meu trabalho na página, pois me ajuda muito com datas, resultados, fichas técnicas e todas as informações disponíveis. Sem falar nas atas e debates de conselho que mostra, o que é muito importante para ajudar a entender todo o funcionamento e contexto do clube”, ressalta Maróstica.
Enciclopédia pontepretana inaugurou maior acervo de futebol do Brasil
Livraria mais antiga em atividade de Campinas, que resiste há quase 50 anos na região central da cidade, a Livraria Pontes detém o maior acervo de livros de futebol do Brasil. O catálogo, que atualmente ostenta aproximadamente 1.500 títulos sobre o esporte mais popular do planeta, começou a ser constituído justamente pela enciclopédia “História da Associação Atlética Ponte Preta”, publicada pelo historiador pontepretano Sérgio Rossi, com os trabalhos de pesquisa do casal Hellenice Reis Maia e José Douglas Maia.
A partir dela, o comerciante José Reinaldo Pontes, dono e fundador do estabelecimento, decidiu percorrer dezenas de cidades do interior paulista para garimpar livros sobre clubes locais dessas regiões. Ele também fez caravana pela região Sul do país, onde sabia que existia bastante literatura publicada sobre futebol, aumentando assim gradativamente o acervo.
Fundada em 1968, na cidade de Itatiba, terra natal de seu dono José Reinaldo Pontes, hoje com 76 anos, a Livraria Pontes migrou para Campinas em 1974. No entanto, os livros de futebol começaram a ganhar as estantes somente em 1989.“Naquele ano, saiu o primeiro volume dessa enciclopédia da Ponte Preta, mas só vendia no estádio Moisés Lucarelli. Clientes do país inteiro me ligaram pedindo, então me dei conta de que podia pegar esse filão”, contou Reinaldo, em entrevista concedida a este repórter em 2017.
Há 49 anos, a Livraria Pontes ocupa o prédio número 1.223 da Rua Doutor Quirino, no Centro de Campinas. A extensa coleção sobre futebol ocupa um andar inteiro decorado com flâmulas, quadros, faixas e fotos. Os volumes IV, V E VI da enciclopédia “História da Associação Atlética Ponte Preta” fazem parte do estoque. Os outros estão esgotados.