O presidente Jair Bolsonaro discursou hoje (21) na abertura da sessão de debates da 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, nos Estados Unidos e criticou as medidas de isolamento propostas por prefeitos e governadores no enfrentamento à pandemia Além disso, voltou a defender o tratamento precoce – uma prática não reconhecida pelas autoridades sanitárias no mundo todo.
“Não entendemos porque muitos países, juntamente com grande parte da mídia se colocaram contra o tratamento inicial”
“Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce. Segui as recomendações do Conselho Federal de Medicina”, disse ele aos chefes de estado. “Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso off labe”, disse ele.
“Não entendemos porque muitos países, juntamente com grande parte da mídia se colocaram contra o tratamento inicial. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos”, concluiu.
O presidente também criticou medidas de isolamento adotadas nos estados e municípios dizendo que acabaram provocando inflação e desemprego.
Bolsonaro garantiu ainda que o Brasil mudou desde quando assumiu o cargo, em janeiro de 2019.
“Venho aqui (na ONU) apresentar um Brasil diferente daquele publicado nos jornais e nas televisões. O Brasil mudou e muito. Estamos há 2 anos e oito meses, sem um caso concreto de corrupção”, disse ele, sem se referir, por exemplo, ao caso da compra da vacina da Covaxin que está sendo apurada pela CPI da Covid no Senado Federal. Nem mesmo dos problemas envolvendo o ex-ministro do meio ambiente, Ricardo Salles .
O ex-ministro é alvo de inquérito, autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), por supostamente ter atrapalhado investigações sobre a maior apreensão de madeira da história. A suspeita foi apresentada pela Polícia Federal.
À beira do socialismo
Bolsonaro afirmou à ONU que os chefes de estado estavam diante de um presidente que acredita em Deus, que respeita a constituição e valoriza a família. “Isso é muito, se levarmos em conta que estávamos à beira do socialismo”, disse.
História
Cabe ao presidente do Brasil fazer o discurso de abertura do evento, seguido do presidente dos Estados Unidos. A tradição vem desde os primórdios das Nações Unidas, quando o diplomata Oswaldo Aranha, então chefe da delegação brasileira, presidiu a Assembleia Geral, em 1947.
Pela tradição, cabe ao presidente do Brasil fazer o discurso de abertura do evento, seguido do presidente dos Estados Unidos.
Para esta terça-feira, estão previstas mais de 100 intervenções dos chefes de Estado e de governo. O evento começou no último dia 14 e, desde então, estão acontecendo reuniões, conferências e encontros paralelos.
O tema desde ano é “Construindo resiliência por meio da esperança – para se recuperar da covid-19, reconstruir de forma sustentável, responder às necessidades do planeta, respeitar os direitos das pessoas e revitalizar as Nações Unidas”.
Em 2020, devido à pandemia de covid-19, o evento foi virtual. Neste ano, o modelo adotado é o híbrido, com declarações presenciais e por vídeo.
Bolsonaro e a comitiva presidencial viajaram para os Estados Unidos no domingo (19). Ontem (20), ele se reuniu com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e, à noite, participou de uma recepção oferecida pela representação permanente do Brasil junto às Nações Unidas.
Antes do discurso desta terça-feira, Bolsonaro teve encontro com o presidente da Polônia, Andrzej Duda, e com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. A previsão é que o presidente embarque ainda hoje de volta ao Brasil. (Com Agência Brasil)