O balanço do número de mortos causados pelo terremoto no Afeganistão subiu para 1.150, de acordo com as autoridades que apontam também para um número elevado de feridos.
O abalo de quarta-feira (22) ocorreu numa altura em que o país, de 38 milhões de pessoas, se encontra no meio de uma crise econômica que afeta milhões de pessoas e que coloca mais de um milhão de crianças em risco de desnutrição grave.
O terremoto de magnitude 6 na escala de Richter deixou milhares de pessoas sem abrigo. Os jornais estatais informaram que cerca de 3.000 casas foram destruídas ou seriamente danificadas pelo abalo registrado na quarta-feira.
Organizações de ajuda humanitária como o Crescente Vermelho local e o Programa Alimentar Mundial estão tentando ajudar as famílias mais vulneráveis com alimentos e outras necessidades, como tendas e colchões, na província de Paktika, epicentro do terremoto, e na província vizinha de Khost.
Ainda assim, os moradores parecem estar em grande parte sozinhos para lidar com as consequências do abalo, enquanto o novo governo liderado pelos talibãs e a comunidade internacional de ajuda lutam para conseguir ajuda. Os aldeões estão enterrando os mortos e fazendo buscas nos escombros à mão para tentar encontrar sobreviventes.
O diretor talibã da agência de notícias estatal Bakhtar, Abdul Wahid Rayan, disse nesta sexta-feira que pelo menos 1.600 pessoas ficaram feridas.
No distrito de Gayan, pelo menos 1.000 casas foram danificadas pelo terremoto, o mesmo acontecendo a outras 800 casas no distrito de Spera, na província de Khost.
Enquanto os edifícios modernos resistem a terremotos de magnitude 6 noutros lugares, as casas de tijolos de barro Afeganistão e montanhas propensas a deslizamentos de terra tornam esses abalos mais perigosos.
Em vilas do distrito de Gayan visitados por jornalistas da Associated Press (AP) na quinta-feira (23) famílias que tinham passado a chuvosa noite anterior ao ar livre levantavam pedaços de madeira de telhados desabados e retiravam pedras com a mão, procurando familiares desaparecidos. Combatentes dos talibãs circularam em veículos por aquela área, mas apenas alguns foram vistos ajudando a fazer buscas nos escombros.
Muitas agências internacionais de ajuda saíram do Afeganistão quando os talibãs tomaram o poder, em agosto passado. As organizações que permanecem no país lutam agora para levar equipamentos médicos, comida e tendas para a área remota atingida pelo terremoto, usando estradas de montanha de má qualidade, agravada pelos danos do abalo e pelas chuvas.
As agências da ONU também enfrentam um deficit de financiamento de três mil milhões de dólares este ano.
Alemanha, Noruega e vários outros países anunciaram que enviariam ajuda, mas avisaram que trabalhariam apenas por intermédio de agências da ONU, não com os talibãs, que nenhum governo reconheceu oficialmente.
Caminhões de alimentos e outras necessidades chegaram ao país, vindas do Paquistão, assim como desembarcaram aviões cheios de ajuda humanitária proveniente do Irã e do Qatar. Foi igualmente enviada para a capital, Cabul, ajuda humanitária da Índia e uma equipa técnica para coordenar a entrega de assistência. A Índia diz que sua ajuda será entregue a uma agência da ONU no local e ao Crescente Vermelho Afegão.
Na província de Paktika, o terremoto abalou uma região de profunda pobreza, onde os moradores vivem nas poucas áreas férteis entre as montanhas. As estradas são tão difíceis que para chegar de Cabul a algumas aldeias no distrito de Gayan demora um dia inteiro, embora esteja a 175 quilômetros de distância.
(Agência Brasil)