O presidente Jair Bolsonaro não pode ser empichado: ele é um homem doente da cabeça e dos pés. Não sabe pensar e sequer entender o dois por quatro do samba. E os seguidores de seus tristes neurônios são os tantos mais atravessadores do bom samba da democracia.
Eles achavam que iam se ajuntar em mais de um milhão na avenida Paulista no 7 de setembro e sequer chegaram a 125 mil. Eles poderiam se espalhar e dar a ideia do milhão que pretendiam. Mas eles gostam mesmo é de se aglomerar, de se contagiar, de ser contagiado pela baba do seu mito. E quando eles vão parar em algum hospital é o resto da Nação que paga pela internação. E aí vale a democracia que eles tanto combatem.
Pequenas coisas nos tiram o prazer de compartilhar alguma coisa bonita, uma lembrança antiga, um beijo roubado, uma valsa dançada, um pai chegando em casa e beijando a mãe no portão. Tenho tudo isso e muito mais que isso. Mas alguém reclama alguma coisa pequena e nos entristece. E bem tenho certeza que tal dissabor também acontece com o raro leitor. E nem carece explicar tais expiações. Apenas sentimos e seguimos em frente.
Bom mesmo é acordar e lembrar das coisas que fizemos no dia anterior, da sopa de legumes, da torrada ao ponto, da florada do lírio, do renascer da gloxínia em um vaso seco e esturricado, esquecido em um canto da varanda. E lá está uma nova folhinha buscando luz e oxigênio. E mais lindo é o sorriso da companheira exibindo um novo filhote de planta.
Espero que o inimputável presidente Bolsonaro tenha lembrança de sopas e flores renascendo nos vasos de sua infância. Sempre é bom lembrar da dinâmica da Natureza, das suas forças intrínsecas, do que a torna Senhora Absoluta de todas as coisas da terra. Mito é apenas um mito. E os bolsonaristas ainda não perceberam que são apenas marionetes nas mãos de um charlatão político que há mais de trinta anos vem enganando a si mesmo.
Não é questão de pena ou compaixão. Trata-se apenas de constatar a fragilidade da democracia que permite um fanfarrão assumir um dos principais cargos da República. E porque a democracia é frágil, a razão para defende-la se torna imperial e irredutível.
E assim me canso de pensar nos idiotas, velhos e adolescentes, que vestem uma camiseta verde-amarela para pedirem o extermínio do Judiciário e do Congresso Nacional. Desonram um símbolo nacional e a si mesmos. São, assim como Bolsonaro, inimputáveis.
E vou parando por aqui. Estou cansado de compaixão política. Não quero mais pensar nas idiotices desse ranço bolsonarista, desse atraso moral, ético, da roubalheira de rachadinhas, do desprezo pela democracia.
E tanto me faz como tanto me fez se Bolsonaro será empichado. Lula também está na mesma esteira imoral. E nenhum deles será bem recebido nos honestos lupanares brasileiros. E, aproveito o momento, para dizer que Lula também é inimputável.
Lula e Bolsonaro são a cara e a coroa da mesma moeda imoral que rola pelos confins da política nacional. E assim morrerão naquele abraço de afogados.
Zeza Amaral é jornalista, escritor e músico