A família da fotógrafa Roberta Correa, que morreu na última semana depois de dar entrada numa clínica para a realização de um procedimento estético, em Cosmópolis, segue atrás de respostas. A Polícia Civil investiga o caso. A morte abalou a cidade de pouco mais de 73 mil habitantes, já que a vítima era bastante conhecida e querida na localidade. Ela deixou marido e dois filhos, um de 17 e outro de 23 anos.
Roberta, que tinha 44 anos, sofreu parada cardíaca e teve a morte cerebral confirmada na última sexta-feira (13). Ela foi socorrida no Hospital Santa Casa de Misericórdia após passar mal durante a aplicação de anestesia para a realização de endolaser, técnica removedora de gordura localizada.
Duas profissionais da clínica são investigadas: Vanuza de Aguilar Takata, que seria responsável pelo procedimento, e Isabella Dourado Fernandes, que teria aplicado a anestesia.
Vanuza prestou depoimento à Polícia Civil na tarde desta quarta-feira (18) por quase duas horas, depois do adiamento da oitiva na segunda-feira (16). No início da semana, ela alterou a equipe jurídica para sua defesa. Amparada pelo advogado João Paulo Sangion, Vanuza se manifestou em nota na terça-feira (17) com o seguinte conteúdo:
“Inicialmente importante esclarecer que a Sra Vanuza é Biomédica há 12 anos, com Pos-Graduação em Estética Avançada há 4 anos, e tem curso de especialização em Endolaser. A paciente preencheu toda a ficha de anamnese (pesquisa de histórico de saúde), prestou as declarações necessárias e exigidas pela lei. Logo após o início do procedimento, após já ter sido ministrada a anestesia local pela Biomédica Esteta Sra. Isabela, responsável por esta etapa, profissional também devidamente capacitada e habilitada para esse tipo de procedimento, a paciente inicialmente sentiu um desconforto local, seguido de um calafrio. Imediatamente o procedimento foi interrompido por mim, já que era eu quem realizaria o procedimento propriamente dito, e minha colega a anestesia, momento no qual a paciente convulsionou. Neste momento o socorro foi prestado, e acionamos a ambulância do hospital local. As profissionais colocaram-se à disposição para todas às necessidades e para as investigações”.
Outras pessoas ouvidas
Quem também prestou esclarecimentos à polícia nesta quarta foi o marido de Roberta, Anastácio Vieira da Silva. Em declaração à EPTV, ele afirmou que sua esposa já tinha feito outros procedimentos estéticos com a mesma profissional e que ambas eram amigas.
Também nesta quarta era aguardado o depoimento de Isabella, mas ela só se manifestará junto à polícia na sexta-feira (20).
O envolvimento da profissional que teria aplicado a anestesia desperta questionamentos. Isso porque, apesar de se declarar biomédica, ela não tem registro no Conselho Regional de Biomedicina. Isabella é esteticista e cosmetóloga.
Em nota, amparada pelo advogado, ela também se manifestou:
“A Sra. Isabella vem, por meio de seu advogado devidamente constituído, esclarecer que possui todas as habilitações profissionais, respaldadas pela Lei Federal n. 13.643/18, destacando-se o curso “endolaser”. Os documentos de habilitação já foram apresentados à Autoridade Policial.
O endolaser é uma técnica minimamente invasiva que tem sido utilizada para tratar a flacidez da pele em diversas áreas do corpo.
Trata-se de uma alternativa menos invasiva à cirurgia plástica tradicional. Contudo, assim como outras técnicas, não está isenta de eventuais riscos. Embora esses sejam raríssimos.
Apesar de extremamente segura, a anestesia não está isenta de riscos ou complicações. A fatalidade relacionada à anestesia é rara, e vem declinando significativamente nos últimos anos.
A ficha de anamnese em questão consta a informação que não possuía antecedentes de reações alérgicas, irritações ou sensações de desconfortos intensas a produtos de uso cosméticos e medicamentos”.