Poucos goleiros na história do futebol podem dizer que sentiram a maior emoção que um jogador pode experimentar dentro de campo: balançar as redes. Essa lista particular de artilheiros também responsáveis por defender a meta de suas equipes é encabeçada por Rogério Ceni, maior ídolo do São Paulo, mas também conta com grandes nomes internacionais, como o paraguaio Chilavert, o colombiano Higuita e o mexicano Jorge Campos.
No entanto, desconsiderando cobranças de pênalti ou falta, a quantidade de goleiros que conseguiram marcar gols durante a carreira é ainda mais reduzida. Um dos casos mais famosos e recentes aconteceu há dois anos e teve como protagonista o goleiro Alisson Becker, titular da Seleção Brasileira nas últimas duas edições de Copa do Mundo.
Com a camisa do Liverpool, clube que defende há cinco anos, Alisson subiu para a área aos 49 minutos do segundo tempo e desviou de cabeça para o fundo das redes, garantindo a vitória por 2 a 1 fora de casa sobre o West Bromwich, em duelo disputado no dia 16 de maio de 2021, pela antepenúltima rodada do Campeonato Inglês. O triunfo acabou sendo decisivo para os Reds terminarem a competição em terceiro lugar e assegurarem vaga na Liga dos Campeões da Europa, onde seriam vice-campeões.
Não há dúvidas de que aquele tenha sido um dos momentos de maior emoção da carreira de Alisson. Agora, imagine o que significa repetir o feito naquelas mesmas circunstâncias. Pois essa é uma obra quase exclusiva do ex-goleiro pontepretano Lauro, atual preparador de goleiros da equipe alvinegra, que integra a comissão técnica agora chefiada pelo técnico Pintado.
A incrível história da dobradinha goleadora de Lauro começou no dia 3 de agosto de 2003, portanto há exatamente 20 anos, quando o então jovem arqueiro de 22 anos subiu para a área de ataque numa tentativa desesperada de tentar salvar a Ponte Preta de uma derrota que parecia certa para o Flamengo, no estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, pela 23ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro.
O relógio marcava 52 minutos do segundo tempo, o placar apontava 1 a 0 a favor da equipe rubro-negra, graças um gol de Fábio Baiano no primeiro tempo, mas o time alvinegro tinha escanteio pela direita para tentar empatar no último lance da partida. Na cobrança, Waguinho cruzou na medida para Lauro cabecear e vencer o goleiro Júlio César, que vinha sendo um verdadeiro paredão na partida, numa atuação digna da história que este começava a construir na Seleção Brasileira.
Curiosamente, decorridos quase exatos dez anos depois, Lauro voltou a balançar as redes contra o Flamengo, novamente de cabeça e decretando empate em 1 a 1, em lance de escanteio nos acréscimos do segundo tempo, mas dessa vez defendendo a Portuguesa, num jogo com mando da equipe carioca, disputado no dia 7 de agosto de 2013, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, pela 12ª rodada do Brasileirão.