Que se considere o erro como um erro e não um acerto que não deu certo. O presidente Jair Bolsonaro é mestre em dizer que só erra quem tenta acertar. Mas ele teima em andar por aí sem máscara, provocando aglomerações, e dizendo que remédio para malária combate a Covid-19. Ele erra e continua errando e acha que tudo está dentro dos conformes científicos.
Jair Messias Bolsonaro necessita de acompanhamento psiquiátrico, quando menos – ou mais – psicológico. Ele desconhece a realidade. Vive em um lugar qualquer da sua paranoia. Ou da sua doença persecutória. Ele acha que o dia nasce para acordar seus inimigos; aperta o nó da gravata achando que alguém está pensando em enforca-lo; toma um café achando que está envenenado, e chama alguém para lhe dar uma guarida jejuna. Que vida, hein, senhor presidente? Pois é. É a vida que o senhor escolheu para ser o senhor da vida do País. E eis aí a merda em que o senhor se meteu por conta e risco de si mesmo.
Tenho pena do senhor, presidente. Tenho pena de suas ideias. E muita vergonha do alheio. Nem tanto de seus filhos e netos, todos envolvidos em idiotas ideias, mas pelos seus bisnetos. Sempre penso no futuro que deixarei para os meus, e o senhor, presidente, não tem ideia sequer do presente em que vive. Nem seus filhos, nem seus parentes próximos – aliás, acho que o senhor não tem parentes próximos, pois, diz a boa lógica, melhor é ficar longe dos idiotas.
Errar e acertar é uma arte destinada aos bons homens de caráter. Errar e reconhecer o erro é o grande mérito de quem segue pelas calçadas do conhecimento.
O senhor, presidente, desconhece as calçadas do seu País. Aliás, o senhor sabe que é presidente de um País que tem 14 milhões de desempregados? O senhor sabe que cerca de 500 mil brasileiros morreram por conta da Covid-19, por falta de leitos em UTI, respiradores, oxigênio – e excesso de cloroquina que o senhor genocidamente vem propagando aos quatro pontos cardeais da ingênua alma brasileira? Quanta covardia política, senhor presidente!
Sou um literal desdentado desde os meus vinte e uns de idade. Idiotas como o senhor, presidente, me amarraram em uma trave de pau e me agrediram. O senhor ainda era um moleque querendo brincar de ser soldado.
E sigo eu desdentado e o senhor presidente continua fazendo suas molecagens políticas, sorrindo com seus dentes alvos, brincando com a boa política e com os cadáveres de meio milhão de brasileiros. Lavo as minhas próteses diariamente e em cada escovada lembro das porradas que levei de idiotas fardados e covardes que não teriam coragem, hoje, de exercerem seus pequenos poderes. Entendeu, senhor presidente, ou será que preciso desenhar a sua covardia?
Todos os dias, sempre estou pensando na melhor palavra para explicar essa ou aquela situação, seja um assunto de amor, decepção política ou de apenas e somente falar dos últimos dias outonais que alimentam as cumeeiras das casas da minha cidade, na qual vivo há muitos anos – mais para alentar os forasteiros que acabam de chegar, ressabiados à novidade aventureira que tanto atrai quanto repulsa, buscando desarmá-los do “medópolis” e dos embates culturais dos preconceitos provincianos que conservam de suas cidades natais.
Novidade nunca foi nada além de novidade. E novidade sempre é a casca escondendo o vazio da serventia popular, onde se insere o conforto de todos nós.
E eis aí a Internet com suas novidades, comunicando a tudo e a todos, inclusive a malucos terroristas, pedófilos, acadêmicos inexpressivos e a quem não tem nada a dizer em blogs, tuitadas, faces sem livros, poetas de meia-tigela e cozinheiros de espuma de grãos.
O Brasil foi descoberto há quinhentos anos e ainda produz políticos da idade das trevas. E nem em fósforo de segurança podemos confiar. Mas conto com a segurança do raro leitor, mais pelo seu adjetivo qualificativo do que pelo quantitativo, gente que me faz melhor para errar com mais qualidade. E bem devo dizer que o presidente Bolsonaro nem erra e nem acerta. Ele apenas não faz absolutamente nada. E assim outra vergonha do alheio se me assombra. Que vida.
Zeza Amaral é jornalista, escritor e músico