Fotos tiradas da janela de várias partes do Brasil e do mundo inspiraram o projeto Vista da Quarentena. O que você enxerga da sua janela? Essa foi a provocação que a artista plástica e fotógrafa Leticia Volpi fez logo no início da pandemia, quando pediu, em suas redes sociais (@levolpi), para que as pessoas mandassem fotos do que observavam de suas janelas. O objetivo era inspirar seu projeto de pintura durante um momento tão peculiar. Foi assim que nasceu o projeto Vista da Quarentena que recebeu fotos de todos os cantos do Brasil e do mundo.
No começo, a ideia era que as pessoas enviassem as fotos favoritas do que estavam vendo dentro das suas casas, a partir de suas janelas.
“Com isso fui selecionando imagens e fazendo releituras dessas fotos. O objetivo inicial era me inspirar por meio da vista de outras pessoas. Tinha curiosidade de saber o que o outro estava vendo. Mas, depois que vi os benefícios de ter contato e conhecer pessoas novas, mesmo que de forma virtual. Percebi a importância de criar esses vínculos e fiquei muito feliz de saber o retorno que o projeto proporcionava ao outro”, conta.
No decorrer do processo, Letícia destaca que recebeu muitos retornos positivos. “As pessoas me contavam o quanto conseguiram enxergar o belo, os detalhes que tinham ao redor de suas vidas e que, muitas vezes, passavam despercebidos. As interferências que eu fazia nas fotos delas também as ajudavam a mudar a perspectiva”.
Nesse processo a artista revela que também foi se reinventando e se comunicando com a arte de forma diferente.
“Minha grande motivação é inspirar as pessoas a criarem uma conexão com a arte. Percebo uma ótima forma delas se manterem com a mente saudável”, diz.
O projeto Vista na Quarentena segue, e Letícia acrescentou a ele agora novos materiais artísticos, como uma técnica chamada cianotipia,um tipo de revelação realizada pelo sol. “Acho muito interessante esse processo, pois nem todos os dias temos o sol necessário, o que leva a exercitar a paciência, tão necessária para vida e para esse período que continuamos vivendo”, explica a artista.
Vista da minha janela e um convite
Gosto de abrir a janela de casa e ver o sol nascer e adoro acordar e escutar a música “Bom Dia Comunidade!” dos Tribalistas. Acho uma boa combinação: o sol e essa música me convidando para viver. Da minha janela consigo avistar, de longe, os eucaliptos do Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, e não é que eu fique muito tempo na janela, aliás fico muito menos do que eu gostaria.
Mas, recentemente, também acompanhei o processo de reconstrução de parte da calçada da casa de vizinhos, todos os dias ‘seu’ Ismael, um pedreiro aposentado, gentilmente reformava a calçada dela com sobras de cimento e areia de sua casa. Achei tão bonito que fiz questão de fotografar o processo. E, nesta semana, também abri a janela à noite para apreciar a Super Lua.
Convido vocês a olharem para fora das suas janelas, fotografar e enviar fotos para o meu e-mail [email protected] ou para o e-mail [email protected]. Nós vamos fazer uma galeria das fotos e a Letícia Volpi vai escolher uma dessas imagens para produzir uma arte.
Kátia Camargo é jornalista e gosta também de andar por cidades pequenas onde as janelas ainda ficam na calçada.