Ao mesmo tempo em que pais de alunos pressionam os órgãos públicos por mais segurança nas escolas, prefeituras correm para adotar as medidas que foram prometidas após o ataque que causou a morte de quatro crianças na creche Bom Pastor, em Blumenau (SC). Nesta semana, Valinhos e Vinhedo, por exemplo, anunciaram a adoção de novas ferramentas para prevenir atos de violência nas unidades de ensino, como o botão de segurança e o botão do pânico.
Em Vinhedo, o Conselho Municipal de Educação fará uma reunião extraordinária com um grupo de pais de alunos a partir das 14h desta quinta-feira (13), na Câmara Municipal. O grupo se manifestou na reunião de terça-feira (11) do conselho que, na ocasião, cumpria uma outra pauta. Em função da insistência dos pais, o encontro foi agendado. “Eles estão desesperados”, disse um representante do conselho.
As principais reivindicações do grupo são as seguintes: “presença da polícia dentro das escolas em todo o período de aula; revista das mochilas; adoção de detector de metais; sala trancada durante a aula; alambrados aramados ou muros altos e presença de psicólogos nas unidades”. Além de debater a adoção dessas medidas, os pais querem que o conselho encaminhe as demandas à Prefeitura.
Em Jaguariúna, por sua vez, pais de colégios particulares têm pressionado a direção das unidades por reforço na segurança. “Estamos surtados. Está todo mundo com medo e nessa hora é difícil agir com a razão”, admite uma diretora de unidade particular.
Medidas
Em Vinhedo, o botão do pânico começou a ser disponibilizado nesta semana na rede municipal. Até terça-feira (11), sete das 36 unidades da cidade já tinham acesso. Nas próximas semanas, o serviço será estendido também à rede estadual e particular. “É um aplicativo no qual o usuário pode acionar o policiamento de forma mais rápida”, diz o secretário de segurança Osmir Cruz. “A chamada cai direto na nossa central de comunicação.” Ele explica que existe uma norma de acesso e os usuários estão em processo de treinamento para poder utilizar o dispositivo.
Segundo a secretaria de educação de Vinhedo, também está em fase final o processo de licitação para a aquisição de TAGs inteligentes. Trata-se de um dispositivo que pode ser instalado nas mochilas e permite aos pais a possibilidade de rastrear os filhos em tempo real nas escolas.
A Prefeitura também informou que a Guarda Municipal tem sido reforçada nas unidades, medida também adotada em Valinhos, desde o dia seguinte ao ataque em Blumenau. Em Valinhos, aliás, a GM apreendeu nesta quarta-feira um adolescente de 14 anos suspeito de divulgar imagens com ameaças a escolas. Ele estava em frente a EMEB Cecília Meireles e foi conduzido ao Distrito Policial.
Também em Valinhos, teve início nesta terça-feira a instalação nas escolas de câmeras integradas ao Centro de Operações e Inteligência (COI) da Guarda Civil Municipal (GCM). Na prática, os agentes que monitoram o sistema podem acompanhar as imagens em tempo real de dentro da sede na corporação, que fica na Secretaria Municipal de Segurança Pública. Já nesta quarta-feira, a Prefeitura da cidade disponibilizou o formulário para cadastro das escolas municipais, estaduais e privadas interessadas em obter o acesso ao botão de segurança, dispositivo que permite acionar a Guarda Municipal através de um aplicativo de celular em casos de riscos.
Em Jaguariúna, algumas escolas estão em processo de contratação de empresas de vigilância. Outras já colocaram seguranças à paisana na portaria. Quem não tem circuito de câmeras, está viabilizando a compra.
Secretário de segurança de Vinhedo, Cruz pede para que os pais de alunos fiquem atentos à boataria a respeito de ameaças de ataques às escolas e avaliem os conteúdos que recebem nas redes sociais antes de publicar. O compartilhamento de boatos tem gerado pânico, o que interfere no combate à violência, alerta.
“Os pais precisam pensar a respeito da socialização das informações. É importante avaliar se o conteúdo a ser compartilhado é realmente relevante e vai trazer benefício. Se for gerar pânico, não é aconselhável compartilhar para que a situação não fique ainda mais inflamada”, orienta.